Mães da ditadura

Silêncio! Quantas foram torturadas? Quantas perderam seus filhos? Quantas foram assassinadas? Mães que lutaram pela liberdade do pensar. Mães que

Por jangada.online em

13 de maio de 2018 às 13:08 atualizado às 13:11
Tônia Carrero, Cacilda Becker, Norma Bengell, Odete Lara, Eva Todor, Eva Wilma. Elas estavam todas juntas na Passeata dos 100 mil.

Silêncio!

Quantas foram torturadas? Quantas perderam seus filhos? Quantas foram assassinadas? Mães que lutaram pela liberdade do pensar. Mães que batalharam pelo fim da censura. Mães que buscaram seus filhos e não encontraram respostas. Mães que deram suas vidas as batalhas contra o sistema.

Tempos de generais que mandavam em tudo. Tempos de intolerância que utilizam a serventia do patriotismo para promover a assepsia mental nos cidadãos que tinham que aguentar tudo calado.

Momentos de sadismo e pura arrogância que estava quieto no passado e que hoje nasce da tumba, na cova de milhares de ossos ainda permanentes no esquecimento da justiça.

Tribunais que se acovardam diante ameaças de comandantes de ganho vitalício. Empurrando a história para um lugar incompreensivo, de difícil leitura na contemporaneidade dos tempos.

Mães da Praça de Maio e seus filhos desaparecidos. Mães da passeata dos 100 mil e seus filhos torturados. Eterna dor da ausência com informações pedidas entre documentos que não dão acesso. Por um instante invadiam as residências e levavam os filhos da esperança para as cavernas dos extremismos.

Mães subversivas. Que arrancaram seus filhos dos laboratórios de massacre coletivo. Sangue escorrido da tortura solitária sem humanismo, sem Deus, sem tudo.

Dores que ultrapassam décadas, mas que agora tentam desconstruir por puro interesses políticos. História que pretendem deturbar diante a austeridade dos dias contemporâneos.

Resquícios de um passado de gritos, torturas e crimes abafados pela força das armas e do aval de um país de corrupção de atos no desespero dos filhos e mães que lutaram contra os tanques de guerra que apontavam para as cabeças de qualquer um que pensasse ao contrário dos poderosos da época.

Mas, será que a ditadura existiu? Pergunte a uma mãe de maio. Pergunte a uma mãe da passeata dos 100 mil. Pergunte para uma mãe que até hoje não sabe onde seu filho pode estar. Covas que escondem ossadas. São centenas para milhares de corpos de filhos que um dia não se despediram de suas mães.

Memória que parece desaparecer igual os milhares de filhos que um dia sumiram para manter a estrutura do governo composta por militares, imprensa calada e povo na rua enfrentando as bombas.

Mães de filhos mortos. Sem notícias. Sem justiça. Comovidas. Mães que foram ceifadas do direito de comemorar o dia das mães com seus filhos.

Anistia de um passado que jamais pode voltar.

Gritos do terrorismo que jamais pode ser esquecido ou desconstruído pela geração que acha que sabe tudo.

jangada.online

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Um comentário em “Mães da ditadura

  • 30 de maio de 2018 em 16:15
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    Orgulho… Muito orgulho delas…

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