Encontro virtual debate sobre o Covid-19 nas comunidades indígenas

No cenário de pandemia a situação das comunidades indígenas acaba sendo mais devastador pelas fragilidades políticas e perdas de estrutura social nos últimos anos

Por jangada.online em

15 de abril de 2020 às 18:59 atualizado às 19:09
O vereador e liderança Weibe Tapeba em chat ao vivo no You Tube. FOTO: reprodução/YouTube

 

Um chat ao vivo no canal “Coletivo Graúna”, na plataforma do You Tube, realizado na tarde desta quarta-feira, 15, debateu sobre a saúde e os direitos indígenas no Ceará em tempo de pandemia do novo coronavírus (Covid-19). A iniciativa trouxe como debatedores o vereador de Caucaia, advogado e liderança indígena, Weibe Tapeba, e o presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena do Ceará (Condisi-CE) e técnico de enfermagem, Neto Pitaguary.

No cenário de pandemia a situação das comunidades indígenas acaba sendo mais devastador pelas fragilidades políticas e perdas de estrutura social nos últimos anos. “É pior para os índios sem renda que estão passando por cenário de fome, temos muitos parentes passando fome, mesmo com a rede de solidariedade crescente, não demandam toda a nossa necessidade. Precisamos de uma articulação maior para auxiliar as comunidades, num grande plano de contingência nacional. O Governo Federal tem que dar condições para que todos atravessem esta pandemia com dignidade”, avaliou a liderança Weibe Tapeba.

Mas, diante o debate será que o vírus atinge a todos de uma maneira igual?

Conforme Weibe Tapeba o vírus é democrático, mas o estrago que faz nas comunidades indígenas ainda é muito maior. “Fico pensando se o vírus se espalhar rapidamente o impacto que vai causar em nossas já fragilizadas comunidades. O auxilio emergencial não resolve, mas é importante, no entanto, para pegar o índio se coloca em uma situação de risco. Temos orientado ao isolamento social, mas sem apoio isso é muito ruim. Muitos de nossos parentes estão tendo que ir às filas dos bancos para resgatar este direito e na volta complica que podem trazer a doença para dentro de suas casas”, ressalta Tapeba.

Para Neto Pitaguary tudo é um grande desafio. “Em governos anteriores tínhamos uma estrutura mais agradável. Hoje nos deparamos com certas dificuldades. Nesta pandemia isso se torna muito mais evidente com a alimentação e sua complementação, infelizmente as políticas que poderiam nos ajudar ou foram extintas ou estão precárias”, denuncia.

Durante o debate o vereador Weibe Tapeba anunciou o envio de um ofício ao Governo Federal através pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). “Hoje tivemos a informação que será realizado um pregão eletrônico, processo licitatório, para que só provavelmente no mês de maio chegue na mesa dos nossos irmãos que já estão passando fome. Este método demorado de licitação não é o momento para isso. As instituições públicas estão dormindo muito em tempo emergencial, de fome imediata”, argumentou.

O encontro durou mais de uma hora debatendo além da saúde indígena, em tempo do novo coronavírus (Covid-19), como temas de interesses da luta e causas indígenas do Ceará e do Brasil. O espaço abordou a regularização fundiária de terras indígenas no Brasil em tempos de Covid-19. “São 115 terras indígenas em processo de demarcação e não estamos conseguindo avançar para iniciar o processo”, disse Weibe Tapeba.

Sobre as campanhas de sensibilização em combate ao Convid-19 nas comunidades indígenas Weibe Tapeba disse que será intensificada. “Temos muitas campanhas importantes com participação de pastorais e da OAB, que beneficiam os indígenas, quilombolas, pescadores e imigrantes. Existem também as campanhas de doações e até vaquinhas virtuais para contribuir em ajudar as famílias carentes que estão passando por um momento de dificuldade, sem alimentos”.

Assista o debate:  

https://www.youtube.com/watch?v=kG46d6Xb-Vs&feature=youtu.be

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