Pelo menos 57 tartarugas nascem na praia do Cumbuco neste sábado (1º)

Localizado em frente a um condomínio, o ninho havia sido identificado por um surfista, morador da região, através do trabalho do Projeto Interpesca, apoiado pelo Winds for Future

Por jangada.online em

1 de maio de 2021 às 22:05 atualizado às 22:06
FOTO: reprodução.

 

Cerca de 57 filhotes de tartarugas da espécie Chelonia mydas (tartaruga verde), que estavam em um ninho, na Praia do Cumbuco, no município de Caucaia, eclodiram neste sábado (1º). O ninho estava localizado em frente a um condomínio e havia sido identificado por um surfista, morador da região.

“É um processo natural: as tartarugas escolhem, geralmente à noite, um local que acham protegido para botar os ovos. E às vezes os surfistas, que estão bem cedo no mar, se encontram com esses animais, ou veem as marcas que eles deixaram na praia”, descreve Deborah Lilienfeld, diretora de Desenvolvimento Sustentável do Winds for Future.

Neste caso, a identificação do ninho, o desenvolvimento e a eclosão foram acompanhados por meio do Projeto Interpesca, idealizado pelo biólogo Renato Cesar, professor da Universidade Federal do Ceará (UFC). “Os 57 filhotes foram encontrados no matagal, no lado oposto ao mar. Possivelmente atraídos pelas luzes da iluminação pública”, explica Renato César.

“Esse projeto, realizado por voluntários, faz o monitoramento das praias do Mucuripe até o Pecém. Foi criado um aplicativo, chamado Tartarugando, em que as pessoas podem informar quando encontram um ninho ou uma tartaruga ferida ou morta”, descreve Deborah Lilienfeld.

“Hoje, testemunhamos mais um milagre da vida: tartarugas marinhas, mais antigas que os dinossauros, nasceram na praia do Cumbuco. Ao liberarmos os últimos filhotes no mar, várias crianças compareceram e viram o milagre da vida, que se o ser humano deixar, tende a se perpetuar. Cada pessoa que esteve lá hoje, certamente gravou aqueles momentos na memória e no coração… E a vida continua”, descreve o professor Renato Cesar.

 

Apoio

O Winds for Future, movimento de inovação, tecnologia e sustentabilidade, é um dos parceiros do Projeto Interpesca, e Deborah conta que os colaboradores ficaram felizes com mais uma realização dentro desse trabalho. “Fazemos um trabalho intenso de comunicação com os moradores e associações de buggueiros e motoristas de quadriciclos da região sobre o assunto. Tentamos engajar todos os projetos sociais e ambientais da região, para ver como podemos colaborar com eles”, diz Deborah.

A Diretora de Desenvolvimento Sustentável do Winds for Future explica que o nascimento das tartarugas, apesar de ser um processo natural, pode sofrer algumas interferências humanas, e por isso é preciso atenção redobrada quando um ninho é identificado. “Um dos desafios é o tráfego de veículos e buggues na faixa de areia. Apesar de ser proibido, ainda acontece, e existe o risco de os motoristas atropelarem os animais”, observa Deborah.

“Outro problema é que as tartarugas são muito sensíveis à luz, e quando nascem, se guiam pela luminosidade do mar e da lua para chegar à água. Como há muita iluminação artificial, dos condomínios e ruas no Cumbuco, isso pode desorientar as tartarugas recém-nascidas e elas tomarem o caminho contrário do mar”, ressalta. “Tanto é que cerca de 60 dessas tartarugas que eclodiram hoje foram localizadas na vegetação, no sentido contrário do mar”, completa.

Identificação

Quando um ninho de tartarugas é identificado, o Projeto Interpesca faz a sinalização do local e conta com o apoio de moradores, surfistas e frequentadores das praias para preservar os ovos. “Atualmente, no Cumbuco, existem dois ninhos mapeados, mas podem existir outros, ainda não identificados. Um dos ninhos monitorados fica próximo a uma pousada, com previsão para eclosão neste mês de maio. E existe outro ninho no Cauípe”, afirma Deborah. “Em média, a tartaruga faz a postura dos ovos e demora entre 40 a 60 dias para que os filhotes nasçam. A partir de 45 dias, eles podem eclodir a qualquer momento”, completa.

Além do Projeto Interpesca, Deborah ressalta o trabalho do projeto GTAR, do Instituto Verdeluz, que faz um monitoramento das tartarugas da Praia do Futuro e da Sabiaguaba, em Fortaleza. “Existem sete espécies de tartarugas marinhas, e quase todas escolhem as praias da Região Nordeste para fazer seus ninhos. É uma biodiversidade enorme”, conta Deborah.

Preservação

De acordo com Deborah Lilienfeld, há uma ação que todos os frequentadores de praias podem realizar para colaborar com a preservação das tartarugas: não jogar lixo nas praias. “Há um grande número de registro de animais que comem plásticos e outros objetos e acabam morrendo”, lamenta. “As tartarugas retornam onde nasceram. Ao saírem dos ovos, sabem que têm que ir em direção ao mar, mas quando estão no tempo de botarem ovos, voltam onde nasceram. Se conseguirmos preservar as áreas de praia que temos na costa cearense, significa que mais tartarugas vão voltar para cá e botar mais ovos”, projeta a diretora de Desenvolvimento Sustentável do Winds for Future.

 

Confira o vídeo do nascimento das tartarugas no Cumbuco

 

(*Com O Otimista)

 

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