Caucaia tem a segunda maior população em situação de rua do Estado
Levantamento aponta que a maioria destas pessoas vivem na condição por problemas familiares e desemprego
Pelas ruas do Centro de Caucaia, da Grande Jurema ou pelos bairros do litoral a população que vive nas ruas tem aumentado. Essa percepção, inclusive, está registrada em dados: a quantidade de gente neste contexto passou de 1.541, em 2015, para 9.217, em 2022, em todo o Ceará. Caucaia entra nestes tristes registros com uma população que não possuem um lugar para viver com 547 pessoas.
As informações são do relatório “População em Situação de Rua”, elaborado pelo Governo Federal e publicado neste mês, após o Supremo Tribunal Federal (STF) apontar a defasagem de dados sobre o assunto. Para isso, foram consultadas bases de dados sociais e de saúde, como o Cadastro Único.
Com a análise, foi observado um aumento de 6 vezes no número de pessoas em situação de rua no Estado, que tiveram as informações de perfil detalhadas no relatório. A maioria, no Ceará, é formada por homens (84,3%), de 30 a 49 anos (55,3%) e de cor parda (72,5%).
AS 10 CIDADES COM MAIS PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA NO CEARÁ
Fortaleza: 6.334
Caucaia: 547
Maracanaú: 393
Juazeiro do Norte: 262
Sobral: 190
Pacatuba: 172
Crato: 103
Maranguape: 99
Pacajus: 83
Russas: 58
Mas, afinal, o que leva essas pessoas a “morar” na rua? O levantamento destaca os problemas familiares como o principal motivo, tendo levado 4.574 para fora de casa. Na sequência, aparecem o desemprego (3.912), a perda de moradia (2.851) e o uso de álcool/drogas (2.850).
A falta de estrutura no Governo Federal também é um fator apontado por Verônica Ximenes, professora titular do departamento de Psicologia da Universidade Federal do Ceará (UFC) e coordenadora do Núcleo de Psicologia Comunitária (Nucom).
“Também temos o aumento da violência nas cidades, que impactam nos lugares de moradias, o desemprego estrutural que faz com que as pessoas não tenham como pagar o aluguel, além dos problemas familiares e uso de drogas”, analisa.
O QUE PODE SER FEITO?
Evitar que uma pessoa vá viver nas ruas, ou reverter a situação, depende de ações intersetoriais e distribuição de renda, como avalia Messias Douglas.
“Maior reforço nas forças de trabalho da assistência social, porque a gente só vê um grande número de pessoas em situação de rua devido a uma defasagem nas políticas básicas. Tem que haver essa intervenção forte e um suporte maior para os indivíduos”, conclui.
Verônica acrescenta que precisam ser criados empregos inclusivos, porque é comum pessoas em situação de rua não conseguirem oportunidades devido à falta de moradia.
PLANO NACIONAL
Em julho deste ano, o STF definiu uma série de medidas, que compreendem os governos federal, estadual e municipal, para a implementação da Política Nacional para a População em Situação de Rua, em 120 dias. Confira 5 pontos:
Elaboração de um diagnóstico atual da população em situação de rua
Previsão de um canal direto de denúncias contra violência
Fomento à saída da rua através de programas de emprego e de formação
Fortalecimento de políticas voltadas à moradia, trabalho, renda, educação e cultura
Incentivos fiscais para a contratação de trabalhadores em situação de rua
Mariana Lobo, supervisora do Núcleo de Direitos Humanos e Ações Coletivas da Defensoria Pública do Estado do Ceará, analisa os pontos como uma conquista para lidar com o desafio social.
(*Com DN)
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