Projeto ALFA-EJA Brasil celebra o Dia do Educador com adesão de 10 municípios no Norte e Nordeste, com foco no fortalecimento da EJA

Iniciativa inspirada em Paulo Freire quer combater o analfabetismo e responder aos dados alarmantes do Censo Escolar 2024, que mostram retração nas matrículas da Educação de Jovens e Adultos (EJA) no Brasil

Por jangada.online em

27 de maio de 2025 às 15:20
Sala de aula de EJA, Ensino de Jovens e adultos na escola Municipal Vila das Torres. Na imagem Professora Cristina Almeida, professora há 18 anos, e servidora da Prefeitura de Curitiba há cinco anos, todas as noites ela se dedica com alegria à turma formada por estudantes dos 15 aos 76 anos. “Alfabetizar um adulto é libertar uma pessoa”, diz a professora – Curitiba, 07/05/2019 – Foto: Daniel Castellano / SMCS

No Dia do Educador, celebrado em 28 de maio, uma boa notícia se destaca no cenário da educação brasileira: 10 municípios do Norte e Nordeste assinaram o termo de adesão ao Projeto ALFA-EJA Brasil, iniciativa que busca garantir o direito à à educação de Jovens, Adultos e Idosos (EJA) que não tiveram acesso à escola na idade regular. A ação é fruto da parceria entre o Instituto de Educação e Direitos Humanos Paulo Freire e a Petrobras, com ações presenciais e online, baseadas na metodologia freiriana, que valoriza a escuta, o território e o protagonismo dos educandos.

A adesão ocorre em um momento crítico para a Educação de Jovens e Adultos (EJA) no Brasil. Segundo o Censo Escolar 2024, divulgado neste mês pelo Inep, a modalidade tem encolhido de forma consistente: entre 2020 e 2024, houve uma queda de 20,4% nas matrículas, e só entre 2023 e 2024, a redução foi de 7,7%.

No ano passado, a EJA atendeu quase 2,4 milhões de alunos — número insuficiente diante dos mais de 9,5 milhões de brasileiros com 15 anos ou mais que ainda não sabem ler e escrever, segundo dados do Ministério da Educação (MEC). A situação se agrava quando se considera o analfabetismo funcional: de acordo com o Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf), desenvolvido pela Ação Educativa e pela consultoria Conhecimento Social, 29% da população brasileira têm dificuldades para compreender textos simples e realizar operações matemáticas básicas.

“É nesse cenário que o Projeto ALFA-EJA Brasil surge como resposta concreta e urgente, buscando resgatar o papel da EJA como política pública essencial e promover o direito à educação com qualidade social para jovens, adultos e idosos”, afirma Paulo Roberto Padilha, gerente pedagógico do Projeto ALFA-EJA Brasil e diretor pedagógico do Instituto Paulo Freire.

Municípios já confirmados

Já aderiram formalmente ao projeto os municípios de: Carauari (AM), Oiapoque (AP), Icapuí (CE), Conde e Araças (BA), Ipojuca (PE), Santa Luzia do Itanhy e Brejo Grande (SE), Alto do Rodrigues e Porto do Mangue (RN).

Outros quatro municípios seguem em fase avançada de negociação: Fortaleza e Caucaia (CE), São Francisco do Conde (BA) e Belém (PA). Ao todo, o projeto prevê ações presenciais e a distância em 15 cidades e formação online para educadores em 77 municípios das regiões Norte e Nordeste.

Leitura do Mundo: a primeira etapa

A primeira fase do projeto, chamada Leitura do Mundo, aconteceu em abril. Inspirada nos princípios de Paulo Freire, a equipe pedagógica do Instituto realizou visitas técnicas e escuta ativa com educadores, educandos, gestores e representantes das secretarias de educação, com o objetivo de compreender os desafios e potências de cada território. As informações colhidas estão sendo sistematizadas em relatórios que orientarão as próximas ações formativas e pedagógicas, garantindo respostas contextualizadas às necessidades locais.

Ações previstas ao longo dos três anos

O Projeto ALFA-EJA Brasil promoverá ações formativas e pedagógicas para fortalecer a Educação de Jovens, Adultos e Idosos (EJA), incluindo formações presenciais e online para educadores e gestores, oficinas de leitura e escrita com os educandos, produção e distribuição de materiais pedagógicos (como cadernos, vídeos e podcasts), realização de lives e encontros formativos, além da criação do Centro de Referência da EJA (CREJA), espaço dedicado à memória, documentação e formação continuada na área.

Sobre o Instituto de Educação e Direitos Humanos Paulo Freire

O Instituto Paulo Freire foi fundado em 1991, com a missão de promover uma educação emancipadora e humanizadora, inspirada nas ideias de Paulo Freire. Reconhecido nacional e internacionalmente, o Instituto trabalha para combater injustiças sociais e educacionais e promover a transformação social, por meio de práticas educativas que busquem a autonomia e a igualdade de direitos. O Instituto é uma rede global com unidades em mais de 90 países e continua a inspirar gerações de educadores e educandos.

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