Dia do Siderúrgico: conheça o mercado e a paixão de quem produz aço do Ceará para o mundo

Anália Cristina tem 42 anos de carreira e o Alisson Dias herdou do pai a vocação. Eles trabalham na CSP e comemoram a trajetória neste dia 17 de março, o Dia do Siderúrgico

Por jangada.online em

17 de março de 2021 às 14:18
FOTO: reprodução/antes da pandemia.

 

Na época de faculdade, a cearense Sofia da Costa Barreto, 28 anos, gostava de observar as pessoas que embarcavam na rota de ônibus da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) rumo à empresa. Agora, formada engenheira eletricista, ela relembra com carinho quando a vida profissional de hoje ainda era um sonho, aparentemente, distante. Ela conquistou o que desejava, trabalha na siderúrgica há dois anos. Na CSP, é crescente a força feminina. As mulheres já representam 12,3% da mão de obra da usina, que se mantém acima de média da siderurgia nacional, que é de 8%, conforme dados do Instituto Aço Brasil.

“Eu via o pessoal usando aquela farda e alimentava meu sonho de trabalhar em uma grande indústria. Eu fiz acontecer me capacitando para a vaga. Entrei como trainee em 2018 e depois fui efetivada. Trabalhar na siderurgia representa pra mim o poder que nós mulheres temos de chegar aonde a gente quer. Eu me sinto privilegiada por representar a força feminina nesse ambiente de siderurgia”, relata a analista de Manutenção Elétrica, que atua no Alto-Forno da CSP.

Sofia acompanha indicadores, rotinas de manutenção e cumprimento dos planejamentos, atuando também nas paradas programadas para manutenção. “Cada dia que passa é um conhecimento novo e isso é muito engrandecedor. É uma das coisas que mais me empolga de estar aqui. Tudo o que eu já tinha visto na faculdade, eu vejo na prática”, compartilha. Para quem também busca oportunidades na indústria, ela incentiva: “Se isso é um sonho pra você, prepare-se e dedique-se, porque não há lugar hoje em que as mulheres não possam chegar”.

 

Analia Christina Pereira Caires. FOTO: reprodução.

Ela produz aço há 42 anos  

Analia Christina Pereira Caires, 64 anos, é um sólido exemplo disso. Desde 1979, ela trabalha na indústria siderúrgica. Paulista e formada em Química, Analia conta que se sente realizada na profissão que abraçou há 42 anos e teve a satisfação de acompanhar, de perto, as transformações no setor. A maior delas é a crescente presença feminina.

Há seis anos na CSP, a especialista de Laboratório leva o sorriso de canto a canto para falar da profissão e da empresa. “Vi os tijolos sendo colocados. Não só a construção física, mas também a construção da cultura organizacional da CSP. Aqui, a participação feminina é muito maior do que em outros estados brasileiros. E eu fico muito contente, porque a gente sabe da dificuldade que uma mulher tem para estar no mercado de trabalho, ser respeitada e valorizada. Vejo isso como um grande patamar que foi vencido, uma grande barreira. Admiro muito a mulher cearense”, destaca Anália.

 

Maria Juliana Martins da Silva. FOTO: reprodução.

De Aprendiz à Operadora de Alto-forno 

A história da Maria Juliana é exemplo para quem está ingressando na siderurgia, ainda como aprendiz. Maria Juliana Martins da Silva, 21 anos, mora na sede de São Gonçalo do Amarante (SGA). Ela concluía o Ensino Médio quando ouviu as notícias de que a CSP estava iniciando suas operações. Ao longo do tempo, vendo os amigos começarem a trabalhar na siderúrgica, foi aumentando o interesse em também fazer parte da empresa. Ao completar 18 anos, ela se inscreveu no Programa Jovem Aprendiz CSP e foi selecionada.

Hoje, ela é operadora de produção no Alto-Forno da CSP. Desempenha atividades relacionadas ao sistema de limpeza e tratamento de gases. A tarefa inclui a inspeção rigorosa de todos os equipamentos, antecipando cenários. “Eu queria muito saber como era produzido o aço. A experiência de estar na CSP é uma mistura de orgulho e desafios. Fico buscando, cada vez mais, aprender e conhecer. A área onde estou é muito ampla, então, a cada dia, tenho um novo aprendizado. É muito gratificante ver que estou evoluindo cada vez mais”, conta a gonçalense Juliana Martins.

Ao chegar na siderurgia, Juliana não sabia que desafios enfrentaria por trabalhar em uma área onde há predominância de trabalhadores homens. A surpresa foi positiva: “não vejo diferença. Todo mundo sabe o seu lugar. Isso me dá orgulho, ver que não é feita essa diferenciação”.

“Muita gente de São Gonçalo entrou na CSP como aprendiz, e muitos já foram efetivados há anos, desde quando a CSP começou a funcionar. E percebo que tem crescido, cada vez mais, o número de pessoas da região que entram na siderúrgica e conseguem o emprego. Para o meu futuro, pretendo evoluir cada vez mais. Planejo fazer uma graduação em Engenharia Metalúrgica, para me especializar na minha área de trabalho”, projeta Maria Juliana.

 

Transformação e crescimento, mesmo com a pandemia 

Essa liderança feminina, em conquistar seu espaço, também é percebida e incentivada pela CSP nas comunidades. O Território Empreendedor, programa social realizado pela CSP, tem participação expressiva de mulheres. Elas representam 77% dos interessados em empreender na região. Por meio do programa, em edições anteriores, elas receberam capacitação técnica e consultoria para a elaboração do Plano de Negócios empresarial.

A Fabiana Cipriano da Silva é cabeleireira há nove anos. Mora em Caraúbas, distrito de São Gonçalo do Amarante, é casada e mãe de quatro filhos. Ela possui um salão de beleza ao lado de sua casa, onde se dedica diariamente às clientes. A decisão de trabalhar de forma autônoma veio após participar do Território Empreendedor.

“O conhecimento transformou a minha vida. Eu perdi o medo de empreender. Com os cursos, eu encontrei forças para ir em frente. Isso abre a nossa mente. Aprendemos a ter uma boa administração, para que o negócio não feche. Hoje, já tenho o resultado do meu crescimento”, relata a gonçalense.

Para ela, empreender foi a solução para conciliar os cuidados com a casa, filhos, casamento e trabalho. “Hoje, posso ajudar financeiramente em casa, posso construir os meus sonhos e incentivar outras mulheres. A gente não é só dona de casa, a gente pode ser muito mais. É só buscar aquela forcinha que você tem lá dentro do coração, batalhar e enfrentar. Mulher não tem nada de sexo frágil não, viu”, compartilha Fabiana, com orgulho das vitórias conquistadas.

Durante a pandemia, foi preciso fechar as portas e inovar. Quando os atendimentos no salão foram interrompidos, em obediência aos decretos do Governo do Estado, Fabiana decidiu vender produtos de beleza e ampliou sua atuação nesse segmento. “Foi muito difícil porque, em março de 2020, tivemos que fechar as portas, mas eu não desanimei. Veio na minha cabeça o que me falaram no Território Empreendedor: em todos os momentos, a gente tem que se reinventar. Quando temos um sonho, a gente tem que buscar, lutar por ele todos os dias”, conta emocionada.

O próximo passo é ampliar o salão de beleza para a oferta de outros serviços no segmento. Para isso, ela planeja ser uma multiplicadora do conhecimento que possui, treinando outras mulheres que queiram aprender a realizar serviços na área e gerar a própria renda. “Quero ajudar essas pessoas que não têm experiência, mas com muita vontade de ter uma profissão, de se sentir útil e valorizada”, afirma.

 

 

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