Valim diz ter herdado uma dívida de 200 milhões; agora fala em 480 milhões; Caucaia falida, mas em quem acreditar?

Mais do que o pagamento de uma dívida histórica que afeta a segunda maior cidade do Ceará, é de extrema necessidade que os órgãos judiciários competentes apurem, investiguem, denunciem e punam quem levou o município de Caucaia à falência.

Por jangada.online em

5 de janeiro de 2025 às 12:24 atualizado às 12:47
Foto: reprodução

Antes de deixar o cargo, o então prefeito Vitor Valim (PSD) afirmou, em uma de suas lives transmitidas em suas redes sociais, que Caucaia tinha um rombo de R$ 200 milhões em caixa, herdado da gestão que o precedeu, comandada pelo atual prefeito Naumi Amorim. No entanto, neste sábado, 4, o mesmo ex-gestor, Vitor Valim, veio a público rebater as acusações do sucessor e se defender do balanço parcial de dívidas, afirmando que, na época em que assumiu o governo, herdou uma dívida de R$ 480 milhões.

Quando Valim assumiu a gestão municipal caucaiense em 2021, não veio a público anunciar o possível endividamento dos cofres públicos de Caucaia. Simplesmente assumiu o cargo e herdou um montante de quase 80 milhões de dólares do maior programa de obras estruturais de mobilidade que a cidade estava apta a desenvolver em várias regiões, através do financiamento do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF). Muitos projetos estavam em execução, análise ou em fase de licitações. O financiamento tinha quatro anos de carência, período da gestão de Valim, e mais 16 anos para pagamento do valor total.

O “maior rombo da história” nas contas de um município da Região Metropolitana, totalizando parcialmente R$ 681 milhões, apresentado pelo prefeito Naumi Amorim, contabiliza: restos a pagar em exercício (R$ 238.359.494,66), compensações indevidas ao INSS (R$ 31.003.982,35), débito com o IPMC em 2024 (R$ 41.392.654,92), dívida inscrita no balanço (R$ 370.252.494,50), e ainda está fora da contabilidade os números da Secretaria de Infraestrutura e suas obras paralisadas na gestão de Valim.

“Recebi o município, em 2021, com dívidas de R$ 480 milhões em financiamento do CAF (contrato de 17/10/2018) e de R$ 127 milhões em precatórios (gestões anteriores). Essas dívidas são as mesmas apresentadas pelo então, e agora, prefeito Naumi Amorim”, disse Vitor Valim ao se defender do montante da dívida contabilizada pela atual gestão.

Entretanto, a dívida parcial de R$ 681 milhões da gestão anterior, comandada pelo ex-prefeito Vitor Valim, irá afetar áreas como saúde, educação e previdência, impactando diretamente a prestação de serviços públicos. Como um ex-prefeito que, numa carta de despedida ao povo caucaiense, diz que ama a cidade, deixa um rombo histórico para ela? Onde fica a competência e a responsabilidade da gerência governamental de um gestor que dizia ter uma gestão transparente? Por que, ao longo de suas lives transmitidas pelas redes sociais, não disse a verdade à população, dizendo que o município estava falido?

A gestão de Vitor Valim tem culpa e responsabilidade direta na carência de recursos que deixou para a atual gestão. Não adianta encobrir os erros agora. As dívidas com fornecedores e prestadores de serviços somam cerca de R$ 300 milhões. Apenas com a Empresa Vitória, responsável pelo programa de transporte público “Bora de Graça”, o débito chega a R$ 14 milhões, o que motivou a decisão de realizar uma auditoria para detalhar o cenário.

Há um passivo de R$ 56,8 milhões na saúde, o que tem resultado em falta de medicamentos e insumos, interrupção de serviços e condições insalubres de trabalho para os profissionais do setor.

Já na educação, as cifras chegam a R$ 46,1 milhões, agravando a precariedade estrutural em diversas unidades de ensino. A falta de pagamento de aluguéis de equipamentos como computadores e impressoras prejudica o funcionamento das atividades escolares. Além disso, a renovação de contratos de professores temporários não foi realizada, mesmo após solicitação formal da atual gestão.

Mais do que o pagamento de uma dívida histórica que afeta a segunda maior cidade do Ceará, é de extrema necessidade que os órgãos judiciários competentes apurem, investiguem, denunciem e punam quem levou o município de Caucaia à falência.

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