338 milhões de empresa investigada daria para requalificar três vezes o Icaraí
Todo o litoral de Caucaia poderia está requalificado caso os R$ 338 milhões movimentados pelas empresas investigadas tivessem sido integralmente utilizados para estes fins.
Com a Operação Afiusas deflagrada pela Polícia Federal (PF), e apoio da Controladoria-Geral da União (CGU), no último dia 5, que teve o objetivo de combater e desarticular uma organização criminosa especializada em fraudes a licitações públicas e desvio de verbas federais na Prefeitura de Caucaia (CE), a principal empresa investigada movimentou um montante de R$ 338 milhões, em seis anos e dez meses (entre janeiro de 2010 e outubro de 2016). Deste valor, R$ 97 milhões foram oriundos da administração municipal, conforme documentos obtidos pela imprensa do Ceará.
Este montante de recursos movimentados pela empresa Placitude Serviços Construção Civil LTDA. e Socorpena Construções LTDA, com o mesmo CNPJ, representa quase três vezes mais dos custos orçados para a obra de revitalização e urbanização da orla da Praia do Icaraí, localizada no litoral de Caucaia, que a depender da concepção do projeto fica em torno de R$ 110 milhões.
A intervenção na praia é esperada há décadas pela população do município e poderia conter definitivamente a erosão marinha do litoral caucaiense, com uso da tecnologia de espigões. Estes recursos movimentados pela empresa investigada daria também para fazer uma requalificação e urbanização em outras praias do litoral da cidade como na praia da Tabuba, Iparana e Pacheco. Ou seja, quase todo o litoral de Caucaia poderia está restaurado com uma nova urbanização, caso os R$ 338 milhões tivessem sido integralmente utilizados para estes fins, sem desvio de verbas para grupos particulares.
Para se ter uma ideia a obra orçada do projeto de requalificação da Avenida Beira Mar, em Fortaleza, custa aproximadamente R$ 120 milhões. As obras incluem um total de 211.515,57 m2 de área construída, que incluirá a construção de um novo calçadão com três pavilhões multiusos, dotados de 40 quiosques de alimentação e bebidas, todos padronizados e a urbanização dos espigões com área de engorda de 80 metros da faixa de areia mar adentro. Além de intervenções que incluem a construção de calçadas acessíveis com rampas, piso tátil e travessias elevadas para pedestres. A via ainda contará com um novo sistema de drenagem, com a construção de bocas de lobo, substituição do pavimento asfáltico, instalação de escultura Monumento ao Saneamento, e ainda um lago artificial contornando o novo monumento. O calçadão deverá se tornar um pólo de lazer com cerca de 66.704,38 m² de áreas totalmente acessíveis com novos passeios, iluminação, espaços para convivência com caramanchões, academias, banheiros, parque infantil, quadras de vôlei de praia, pista de skate, anfiteatro, pista de hockey, ciclovia, pista de cooper com 2,6 km de extensão, além de um posto da Casa do Turista e prédio administrativo.
Entre 2009 e 2016 a organização criminosa teria vencido 72 licitações públicas da Prefeitura de Caucaia no valor de R$ 104 milhões. A PF, com apoio da Controladoria Geral da União (CGU), identificou que um consórcio, formado pelas empresas Socorpena, Construtora CHC LTDA, e Berma Engenharia, teria fraudado quase R$ 15 milhões em um contrato de R$ 52 milhões para pavimentação de ruas na periferia do município. Deste valor, R$ 10,8 milhões teriam sido desviados diretamente e R$ 4 milhões, utilizados com material de menor qualidade na obra.
Enquanto a Justiça manda prender e depois soltar os acusados de pertencerem a organização criminosa, especializada em fraudes e licitações públicas e desvios de verbas federais na Prefeitura, a cidade convive diariamente com os buracos nas ruas, a falta de estrutura de suas vias e o drama do litoral com a problemática de décadas que tem na erosão marinha o poder devastador de destruição da orla que leva prejuízos para moradores, frequentadores e turistas das praias de Caucaia, em especial a do Icaraí.
*Com informações do DN