Associação Caatinga intensifica esforços para preservação da biodiversidade

Com 6.285 hectares, a RNSA é a maior Reserva Particular do Patrimônio Natural do Ceará (RPPN), sendo reconhecida pela Unesco como Posto Avançado da Reserva da Biosfera por abrigar uma representativa parte da Caatinga

Por jangada.online em

25 de fevereiro de 2025 às 11:43
Foto: divulgação

A Associação Caatinga, comprometida com a conservação da Caatinga, único bioma 100% brasileiro, vem desenvolvendo uma série de iniciativas voltadas para a proteção da biodiversidade na Reserva Natural Serra das Almas (RNSA), localizada entre Crateús (CE) e Buriti dos Montes (PI). Entre as principais ações de conservação, destaca-se o monitoramento da unidade e da fauna silvestre, que contribuem para o combate às atividades ilegais, como a caça e os incêndios florestais.

Com 6.285 hectares, a RNSA é a maior Reserva Particular do Patrimônio Natural do Ceará (RPPN), sendo reconhecida pela Unesco como Posto Avançado da Reserva da Biosfera por abrigar uma representativa parte da Caatinga e pela sua interação com as comunidades rurais do seu entorno. A Associação Caatinga, em conjunto com pesquisadores, implementou um sistema de monitoramento de fauna por meio de armadilhas fotográficas (câmeras traps). Essas armadilhas são instaladas em pontos determinados por um grid – áreas delimitadas para a coleta sistemática de dados sobre a fauna – e permanecem por 25 a 30 dias. As câmeras traps possibilitam o registro da fauna sem interferência humana e geralmente são programadas no modo híbrido (filmagem e fotografia), o que aumenta a efetividade na captura de imagens da fauna presente na RNSA. As imagens capturadas auxiliam pesquisas científicas importantes, como o estudo de felinos de grande porte, coordenado pelo professor e pesquisador Hugo Fernandes, e o monitoramento das guaribas-da-caatinga, realizado pelo professor e pesquisador Robério Freire, coordenador do projeto Guariba.

Além do monitoramento de fauna, a equipe de guarda-parques da Serra das Almas desempenha um papel essencial na fiscalização do local. Realizam-se monitoramentos periódicos em todo o perímetro da Unidade e nas trilhas com o objetivo de identificar vestígios de caça e outros fatores de risco para a fauna e a flora. O mapeamento de pontos críticos, onde há maior incidência de atividades ilegais, é constantemente atualizado e as informações são repassadas às autoridades competentes.

Apesar dos esforços da Associação Caatinga, a atividade de caça ainda é uma realidade na região. Durante os monitoramentos, são frequentemente encontrados indícios como armadilhas, restos de embalagens de alimentos, garrafas vazias, fogueiras e acampamentos temporários. Com base nesses registros, a Associação intensifica as ações de vigilância para coibir a presença de caçadores. Dados coletados por meio das armadilhas fotográficas revelam que o aumento da pressão da caça reduziu a presença de animais, como onças, veados e caititus, no local, uma realidade que impacta diretamente o equilíbrio ecológico da região.

“Embora todos os nossos esforços de monitoramento sejam contínuos, ações degradantes, inevitavelmente, ameaçam a Serra das Almas. Contudo, reiteramos nosso compromisso inabalável com a proteção da Caatinga, visando garantir a preservação da nossa Unidade e conservação deste importante bioma para as presentes e futuras gerações”, enfatiza Gilson Miranda, gestor da Reserva Natural Serra das Almas.

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