Associação Caatinga intensifica esforços para preservação da biodiversidade
Com 6.285 hectares, a RNSA é a maior Reserva Particular do Patrimônio Natural do Ceará (RPPN), sendo reconhecida pela Unesco como Posto Avançado da Reserva da Biosfera por abrigar uma representativa parte da Caatinga

A Associação Caatinga, comprometida com a conservação da Caatinga, único bioma 100% brasileiro, vem desenvolvendo uma série de iniciativas voltadas para a proteção da biodiversidade na Reserva Natural Serra das Almas (RNSA), localizada entre Crateús (CE) e Buriti dos Montes (PI). Entre as principais ações de conservação, destaca-se o monitoramento da unidade e da fauna silvestre, que contribuem para o combate às atividades ilegais, como a caça e os incêndios florestais.
Com 6.285 hectares, a RNSA é a maior Reserva Particular do Patrimônio Natural do Ceará (RPPN), sendo reconhecida pela Unesco como Posto Avançado da Reserva da Biosfera por abrigar uma representativa parte da Caatinga e pela sua interação com as comunidades rurais do seu entorno. A Associação Caatinga, em conjunto com pesquisadores, implementou um sistema de monitoramento de fauna por meio de armadilhas fotográficas (câmeras traps). Essas armadilhas são instaladas em pontos determinados por um grid – áreas delimitadas para a coleta sistemática de dados sobre a fauna – e permanecem por 25 a 30 dias. As câmeras traps possibilitam o registro da fauna sem interferência humana e geralmente são programadas no modo híbrido (filmagem e fotografia), o que aumenta a efetividade na captura de imagens da fauna presente na RNSA. As imagens capturadas auxiliam pesquisas científicas importantes, como o estudo de felinos de grande porte, coordenado pelo professor e pesquisador Hugo Fernandes, e o monitoramento das guaribas-da-caatinga, realizado pelo professor e pesquisador Robério Freire, coordenador do projeto Guariba.
Além do monitoramento de fauna, a equipe de guarda-parques da Serra das Almas desempenha um papel essencial na fiscalização do local. Realizam-se monitoramentos periódicos em todo o perímetro da Unidade e nas trilhas com o objetivo de identificar vestígios de caça e outros fatores de risco para a fauna e a flora. O mapeamento de pontos críticos, onde há maior incidência de atividades ilegais, é constantemente atualizado e as informações são repassadas às autoridades competentes.
Apesar dos esforços da Associação Caatinga, a atividade de caça ainda é uma realidade na região. Durante os monitoramentos, são frequentemente encontrados indícios como armadilhas, restos de embalagens de alimentos, garrafas vazias, fogueiras e acampamentos temporários. Com base nesses registros, a Associação intensifica as ações de vigilância para coibir a presença de caçadores. Dados coletados por meio das armadilhas fotográficas revelam que o aumento da pressão da caça reduziu a presença de animais, como onças, veados e caititus, no local, uma realidade que impacta diretamente o equilíbrio ecológico da região.
“Embora todos os nossos esforços de monitoramento sejam contínuos, ações degradantes, inevitavelmente, ameaçam a Serra das Almas. Contudo, reiteramos nosso compromisso inabalável com a proteção da Caatinga, visando garantir a preservação da nossa Unidade e conservação deste importante bioma para as presentes e futuras gerações”, enfatiza Gilson Miranda, gestor da Reserva Natural Serra das Almas.