Parque das Pedras: santuário ecológico ainda desconhecido
Quando a maré está baixa um mundo das rochas submerge do mar e mostra sua rara beleza no trecho da praia conhecida como Pico das Almas, próximo a Barra do Cauípe, no Cumbuco, localizado no litoral do município de Caucaia (CE). As formas das pedras e suas cores estimulam a imaginação do visitante no deslumbre de identificar e humanizar o formato de cada uma das rochas. O local é carinhosamente batizado como “Parque das Pedras” e só fica visível na maré baixa.
Conforme a oceanógrafa e ex-coordenadora do Projeto Orla de Caucaia, Thaysa Portela, essas “pedras” são conhecidas cientificamente como “beachrocks”, trata-se de areia cimentada por carbonato de cálcio (componente da carapaça ou concha de organismos marinhos). “São formações bem antigas, e podem conter fósseis. Mais do que uma beleza natural, essas estruturas são fontes de informações sobre o nível do mar no passado e entender como o atual ambiente se formou”, explica.
Nessa área próxima ao Cauípe, essas formações, ao longo do ano ficam expostas ou escondidas debaixo da areia. O motivo é a variação da erosão ao longo do ano associada ao clima local (período seco versus período de chuva). No período mais seco (de agosto a dezembro) ajuda a escavar essas formações e no período chuvoso elas são recobertas pela areia da praia.
A erosão das praias está associada a processos naturais e/ou do homem. No caso do litoral brasileiro, 60% está sofrendo impactos de erosão e perda de praia por causa de impactos humanos como barragem de rios, destruição das dunas para construção civil e ocupação desordenada na faixa de praia, obras de engenharia mal executadas e etc.
Caucaia é um dos municípios do Ceará mais afetados pela erosão causada por impacto antropogênico e por isso é imprescindível a gestão do litoral, que é fonte de renda e lazer para moradores locais e estrangeiros. O Plano de Gestão da Orla de Caucaia foi finalizado e agora é necessário gerir o litoral de forma eficiente e com respaldo da sociedade civil, que aguarda a formação de um comitê gestor da orla.
Enquanto os problemas de erosão não são sanados a beleza das pedras ainda encanta e desperta a atenção de quem passa pelo trecho. Mas, para quem ainda não conhece é bom ir logo antes que um dia não seja mais possível visualizá-las.