Neste mês, a Reserva Natural Serra das Almas (RNSA), localizada na divisa entre o Ceará e o Piauí, celebra mais um ano de dedicação à preservação da biodiversidade e ao desenvolvimento sustentável. A unidade de conservação é gerida pela Associação Caatinga e conta com 6.285 hectares de Caatinga preservada, sendo considerada a maior Reserva Particular do Patrimônio Natural do Ceará.

A Reserva Natural Serra das Almas é um dos maiores exemplos de conservação da Caatinga, o único bioma exclusivamente brasileiro, abrigando uma rica diversidade de flora e fauna, incluindo várias espécies ameaçadas de extinção. “O restabelecimento natural de sua fauna, como resultado de sua conservação, vem promovendo o retorno espontâneo dos animais, como é o caso dos tatus-bolas, e constantes novos registros de aves, como dos recentes papa-lagarta-de-euler (Coccyzus euleri) e Tuju (Lurocalis semitorquatus)”, explica Gilson Miranda Gestor da Reserva Natural Serra das Almas. “Também foram registradas novas espécies de plantas, a Ipomoea Bonsai e Eugenia Nordestina”, comemora o gestor.

Recentemente, 19 exemplares selvagens de periquitos-cara-suja (Pyrrhura griseipectus) foram levados para a RNSA. “A ave quase foi extinta pelo tráfico ilegal de animais silvestres e perda de habitat. A Reserva foi escolhida para essa reintrodução por ser uma área de Caatinga preservada e segura”, explica Gilson. A ação está sendo realizada pela Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos (Aquasis), com o apoio da Associação Caatinga.

“A preservação dessa área também contribui para a oferta de serviços ecossistêmicos como o escoamento evitado de 4,7 bilhões de litros de água por ano e para o estoque de 1.647.245 toneladas de gás carbônico equivalente (CO2e)”, enfatiza Gilson Miranda.

Estudos e pesquisas

Na Reserva também são realizados diversos estudos e pesquisas. Dentre eles está o monitoramento de felinos e primatas por meio de armadilhas fotográficas, que são câmeras com sensores de movimento que capturam imagens e vídeos das espécies com o objetivo de entender seus padrões de comportamento e distribuição. Os aparelhos são posicionados em locais estratégicos e não interferem no dia a dia dos animais.

Desenvolvimento Sustentável

A Reserva Natural Serra das Almas é reconhecida pela Unesco como Posto Avançado da Reserva da Biosfera da Caatinga não só por abrigar uma representativa área de Caatinga preservada, mas também pela interação com comunidades rurais do entorno. Essa aproximação é realizada por meio do Modelo Integrado de Preservação da Caatinga, desenvolvido pela Associação Caatinga. “Quarenta comunidades da região estão envolvidas em projetos socioambientais. É fundamental unir a conservação da natureza e a convivência com o semiárido à geração de renda e ao progresso local”, enfatiza Gilson Miranda.

Turismo ecológico

A RNSA resguarda quatro nascentes, sete trilhas ecológicas, exposições e réplicas de animais em tamanho real. O espaço também oferece alojamento com refeitório, dormitório, redário, laboratório, auditório, torre de observação, viveiros de produção de mudas nativas e meliponário, além de loja física para os visitantes.

A Reserva Natural Serra das Almas possui parceria com condutores de trilhas locais, promovendo a geração de renda na região. A reserva está aberta para visitação todos os dias da semana, com agendamento realizado com pelo menos quatro dias de antecedência, através do e-mail caatinga@acaatinga.org.br ou pelo telefone (88) 9955-6570.

“A celebração do aniversário da Reserva Natural Serra das Almas é uma oportunidade para refletirmos sobre a importância da preservação da biodiversidade e para nos engajarmos na luta pela conservação dos nossos recursos naturais para as futuras gerações, especialmente, da Caatinga”, conclui Gilson Miranda.

Associação Caatinga

A Associação Caatinga é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, cuja missão é conservar a Caatinga, difundir suas riquezas e inspirar as pessoas a cuidar da natureza. Desde 1998, atua na proteção da Caatinga e no fomento ao desenvolvimento local sustentável, incrementando a resiliência de comunidades rurais à semiaridez e aos efeitos do aquecimento global.