As margens da rodovia vai juntando sacola por sacola, dejetos por dejetos. Quanto mais se consome, mais o amontoado de lixo cresce. E não passa ninguém para recolher. Ninguém para separar o contaminado do puro. O morro constituído de sujeira cresce.

Passa um dia. Passam dias…

De tanto tempo que passa os resíduos se juntam alguns metros de altura. A população vai jogando tudo que não serve para fora.

Na beira do mangue não se respeita meio ambiente ou saúde humana, a rampa de dejetos só cresce.
Passa meses.
Carros trafegam no vai e vem da vida. Passageiros também jogam restos de coisas pela janela sem vidro. E vai juntando o lixo das residências. O lixo dos carros. O lixo da falta de zelo que assiste a velocidade da reprodução da sujeira.
Agora são faíscas. O fogo consome a ignorância dos moradores que ficam reféns da falta de coleta. Fumaça que sobe em meio ao vento que sopra nas narinas dos gestores que respiram o ar contaminado de interesses, ausência de respeito, ingratidão e desonestidade.
São cinzas. Só o pó. Cinzas que ficam em meio a fedentina.
Horas se vão…
Amanhã novas sacolas serão colocadas em cima das cinzas. E continuará crescendo com mais lixo que formará um novo morro do lixo. Mais um dia, um mês, um ano sem coleta e só o acúmulo que cresce.
E vem o fogo. A fumaça. E mais lixo…

Num ciclo que só acaba quando as cinzas chegam e corroem os resíduos que a todo instante são jogados as margens da CE 090.

São muitos a procura de um destino mais adequado. Na angustiante espera do recolhimento.