As mesmas mãos

Na Semana da Árvore um desabafo de um caucaiense que não aguenta ver mais tanta destruição ambiental e tantas leis que parecem não valer em Caucaia, acompanhe as Crônicas de Caucaia do jornalista, publicitário e escritor Tiago Viana.

Por jangada.online em

22 de março de 2022 às 00:54 atualizado às 17:37

 

As mesmas mãos que hoje acariciam os galhos, cava o chão, suja de areia, planta uma semente, uma muda, ou uma árvore, ontem, aplaudiu a derrubada de outras espécies de árvores nativas na Vila do Cumbuco. Árvores de décadas deram lugar ao vazio da requalificação das ruas.

O mesmo sorriso que hoje ganhou as imagens nas fotos do Dia das Árvores, ontem fechou os olhos para os nativos a beira do mar, demoliu barracas e agrediu a alma justa do mais crente conterrâneo do litoral castigado e angustiado.

Os gestos delicados ao plantar uma muda, na semana da árvore, faz pensar o que, de fato, devemos nós preocupar com o meio ambiente da Caucaia. Seria promover uma intervenção no curso natural de um rio, mexer com todo sistema de uma lagoa? Seria remover dunas para dar sustentáculos a exploração imobiliária? E quando todo o ecossistema pedir socorro, e sem nenhum estudo técnico, os gestores encontram uma desculpa para moldar os limites e as profundezas de uma lagoa.

Ainda bem que europeu no Brasil gosta de calor, imagina os impactos ambientais que causariam nas serras caucaienses, com a manemolência de abrir estradas, instalar resorts, condomínios de luxo e todo o glamour sofisticado para atrair os seus. Coitada das matas de Soure, já teriam sido devastadas em nome do progresso, do emprego e com único objetivo de encher os bolsos internacionais daqueles que, em épocas de eleição, financiam os seus.

Mãos que criam a força um ‘parque das dunas’ com intuito de fazer uma apartheid social entre os caucaienses natos e os ricos que compram imóveis de luxo a beira do mar. Passam por cima da APA, passam por cima das Leis, passam por cima da inteligência social da cidade. Como uma imensa corrente de aço puxada por tratores, derrubando árvores sem piedade.

Entre burlar as leis ambientais, expulsar nativos, desapropriar caucaienses e deixar gringos mandarem e brincarem de reis em terras de Tapeba e Anacé, ainda há esperança. Expectativa de ver o Cauípe em paz, as serras preservadas, o sertão sem desertos, a República do Cumbuco respeitando cada grão de areia das dunas, cada raiz que ergue aos céus o seu pedido de clemência.

Basta de driblar as Leis com intuito apenas de enganar os nativos, e no egoísmo frio do europeu engolir nossos patrimônios naturais que pertence a todos os caucaienses.

 

Seja o primeiro a saber. Siga nossas redes sociais:

Instagramhttp://fb.com/jangadaonline
Facebookhttp://instagram.com/jangada.online
Twitter: https://twitter.com/JangadaOnline

 

Sugestões de matérias:

WhatsApp: (85) 996319871

E-mail: redacao@jangada.online

jangada.online

conteúdo independente; jornalismo positivo ®

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *