Na madrugada se decide uma eleição
A noite vai passando e o pleito se aproximando. Entre a consciência e o voto existe a tradição da madrugada. Leia abaixo a crônica do jornalista Tiago Viana.
O silêncio já se faz presente nas ruas que começam a receber restos de material de campanha. Becos e esquinas que em véspera de eleições parecem ficar acordados a espera do agrado.
Muita gente não dorme. O silêncio é diminuído pelo barulho de dinheiro. Uma sirene passou. Era a Força Nacional que deixou só a sombra sobre os milhares de panfletos soltos nas ruas.
A miséria faz passar a madrugada no aguardo. Os agentes dos candidatos que não conquistam nas ideias, partem para união com os eleitores em ato de corrupção. Cédulas vão. Voto poderá cair no domingo de eleição.
É um negócio que inspira a cultura nas ruas da Caucaia de papel jogado nas calçadas.
Vai mais dinheiro que chega dentro dos veículos sem denominação. É candidato do morro. É candidato do sertão. É candidato da Sede, sem sexo e nem religião.
Dinheiro que chega de doações de empresas, amizades e agremiações. Riqueza que se espalha pela madrugada do dia do voto. Desigualdade social que faz a corrupção ser quase unanime na cidade onde todos abrem a boca para reclamar da corrupção.
Quanto vale seu voto? Quanto vale entregar a cidade para aqueles armados de moedas prontos para comprar seu voto?
Tradição, entre a consciência e o voto, existe a madrugada de crime e imposição.
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