Pessoal do Ceará que incomodou e encantou o Brasil

Dos festivais universitários de música aos tempos da ditadura, o denominado “Pessoal do Ceará” fazia história no difícil mundo fonográfico brasileiro. Na

Por jangada.online em

13 de novembro de 2017 às 18:41 atualizado às 21:53

Imagem/Divulgação

Dos festivais universitários de música aos tempos da ditadura, o denominado “Pessoal do Ceará” fazia história no difícil mundo fonográfico brasileiro. Na década de 60 e 70 o “sul maravilha” era o único meio de um artista se destacar na indústria fonográfica. Na época vários movimentos surgiram como a Tropicália e Grupo da Esquina. O modesto disco coletivo de Ednardo, Rodger Rogério e Teti, “Meu corpo,minha embalagem,todo gasto na viagem” (1973) abriu espaço para a música contemporânea cearense com status de cult para o público universitário e o mais moderno.

O “Pessoal do Ceará” não era um conjunto vocal, era um grupo de mensageiros onde cada integrante passava a sua mensagem, da sua forma. Antes de tudo, em meados da década de 60, a repressão da ditadura militar fomentava a turma de artistas que circulavam na Faculdade de Arquitetura e Bar do Anísio, em Fortaleza. A resposta para a pouca liberdade e tempos de tortura foi a arte, a música, a poesia, o teatro, as ramificações onde a alma descreve e liberta do calabouço do sistema que tentava desesperadamente calar os gritos revolucionários que escapavam da censura. O caldeirão multicultural impulsionou do “Pessoal do Ceará”. O mar do Mucuripe, na Beira Mar de Fortaleza, inspirou a safra artística que arrumava espaço em meio a repressão.

As novas vivências em terras fora do Ceará abriram as portas para nome como Belchior, Ednardo, Fagner, Teti, Alba Paiva, Gilmar de Carvalho, Augusto Pontes, Rodger Rogério, Petrúcio Maia, Fausto Nilo, Brandão, Jorge Mello. Amelinha, Guto Benevides, Mino, Sérgio Pinheiro, Antônio Carlos, Wilson Ibiapina, Cirino, Yeda Estergilda, Tânia Araújo, Olga Paiva, Xica e mais 80 artistas que atuavam em várias expressões culturais. O movimento “Pessoal do Ceará” projetou a música e a cultura cult cearense para todo o Brasil.

Um segundo encontro registrado em disco aconteceu em 2002. Produzido por Robertinho do Recife o novo álbum trouxe músicas inéditas com mais três representantes do “Pessoal do Ceará”: Ednardo, Amelinha e o consagrado Belchior. A sonora continuava a encantar, mas agora sem a pressão das amarras da ditadura.

jangada.online

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Um comentário em “Pessoal do Ceará que incomodou e encantou o Brasil

  • 9 de junho de 2023 em 10:59
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    Sobre essa turma que ficou conhecida como o “Pessoal do Ceará” temos a destacar o trabalho impecável do músico violonista, compositor e arranjador Wilson Cirino. O artista faz parte da história da música cearense, sobretudo por ter participado diretamente dos movimentos artísticos que inseriram o Ceará no cenário nacional.
    No final da década de 1960, participou de festivais como I Festival de Música Popular Aqui no Canto, uma realização da Rádio Assunção Cearense, com a música Rosa, com melodia, arranjo e letra de sua autoria. E do I Festival Nordestino da Música Popular promovido pelos Diários Associados, com a música Quarto de Pensão, tendo como parceiro o músico e compositor baiano Piti, um dos precursores da Tropicália.
    Em 1971, gravou seu primeiro compacto em parceria com Fagner pela gravadora RGE. Em seguida, veio o segundo compacto pela continental e, na sequência, o LP Estrela Ferrada, pelo selo Epic da CBS. E finalmente, o disco Moenda pela RCA Victor. Cirino precisa ser valorizado e destacado como grande talento da música cearense.

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