Um pouco de Bárbara de Alencar nas mulheres contemporâneas

Bárbara Pereira de Alencar foi uma daquelas pessoas que até hoje faz falta no mundo. Nasceu no sertão do Exu,

Por jangada.online em

8 de março de 2017 às 10:43 atualizado às 11:04
O sangue da sertaneja revolucionária tem que inspirar as mulheres de hoje.

Bárbara Pereira de Alencar foi uma daquelas pessoas que até hoje faz falta no mundo. Nasceu no sertão do Exu, em Pernambuco, na adolescência mudou para o Crato, no Cariri cearense, protagonizando uma das histórias mais extraordinárias do pensamento libertador do império europeu. Foi a personagem principal de uma das maiores lutas em terras brasileiras. Uma mulher destemida que superou todas as barreiras para poder lutar por seus sonhos e ideais, pela justiça social que acreditava ser melhor para todos. A sertaneja combateu a opressão da Coroa Portuguesa. Teve uma trajetória politica que desafiava a lógica em 1817. Defendeu reflexões republicanas para tirar o poder abusado de Portugal, da nação que começava a surgir.

Em terras do patriarcalismo exacerbado. Em terras onde o machismo imperava, Bárbara de Alencar, surge a precursora de um grito, mãe de cinco filhos. A esperança de tempos melhores tem suas raízes da força feminina. Surge a revolucionária que batalhou na Confederação do Equador. A madrinha de escravos, a empreendedora, e beata que desde a infância sabia ler e escrever, coisa rara naquela época. Encarou o olhar masculino de frente. Desde cedo já era soberana. Sendo perseguida, foi a primeira presa política do Brasil, mas deixou a sua honra e dignidade na eternidade. Foi uma das personagens principais para conquista da independência brasileira.

Além do movimento feminista. Além das muitas conquistas. As mulheres da atualidade ainda buscam este sangue pernambucano, que aprendeu no Ceará, o espírito de ousadia e disposição para buscar na vida um motivo especial para lutar e mudar com as regras predeterminadas pelo poder. Hoje as mulheres são muitas. São grandes. Batalhadoras em suas profissões. Muitas das vezes não são compreendidas. Às vezes discriminadas, violentadas. Seja por palavras ou pela brutalidade da força da ignorância. São dezenas. São centenas. São milhares. São milhões. Que ficam acuadas entre a cultura machista dos tempos que nunca mudam e a arrogância do ser supremo masculinizado de superioridade. Na mobilização contra todas as tipologias de preconceito. Que o assédio no trabalho seja combatido. Que os baixos salários seja coisa de um momento passado. Que a violência contra mulher, a violência doméstica, a cultura do machismo, fiquem sepultados no calabouço do esquecimento. Que a responsabilidade compartilhada dentro de casa seja uma realidade nas residências. A mulher merece respeito, cordialidade e mais dignidade. Basta, do olhar preconceituoso que enxerga a feminidade apenas como objeto. Basta da violência nas entrelinhas superar a liberdade das flores. A tal fragilidade não pode ser sinônimo de menosprezo. Basta da indiferença dos gêneros. A vontade e disposição de revolucionar da Bárbara de Alencar tem que existir em cada ação das mulheres da contemporaneidade. Pulsando firme em cada passo, em cada gesto. O seu exemplo de vida tem que perpetuar nas gerações que desconhecem a sua história. As barreiras irão cair. A mulher não nasceu para servir ao marido. O homem não é um ser superior. As atividades domésticas tem que serem compartilhadas com todos. A segregação cultual entre homens e mulheres tem que ser repensada. A mulher é dona do seu corpo, das suas ideias, do seu jeito.

Bárbara de Alencar é um ícone de gerações e gerações que muitas vezes ainda baixa a cabeça para superioridade imaginária masculina avançar. É preciso ter apenas um pouco da alma da sertaneja revolucionária para poder mudar o mundo. E mudar é necessário!

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