O ódio que inspira a barbaridade das tragédias

No último dia 15 de fevereiro um assassinato brutal acontecido no bairro Bom Jardim, em Fortaleza, ganhou as manchetes da

Por jangada.online em

6 de março de 2017 às 19:24 atualizado às 20:10
Terror das ruas esconde o preconceito.
No último dia 15 de fevereiro um assassinato brutal acontecido no bairro Bom Jardim, em Fortaleza, ganhou as manchetes da mídia no Brasil. A travesti, Dandara dos Santos (42) foi morta por aproximadamente cinco homens a golpes, chutes, pauladas, pedradas e humilhações. O ódio do preconceito homofóbico deu lugar a ação e a concretização de toda a raiva interior do grupo que protagonizou o terror em plena rua. Nem mesmo um vídeo feito pelo celular de um dos participantes da barbárie foi capaz de amenizar o rancor violento da turma.

“Você vai morrer, safado” “viado veio, despeitado” “os caras vão matar o viado”, sorrisos, chutes, chineladas, pedradas e pauladas, a ira do preconceito alertou o ódio, despertou a ação desumana da violência. O sangue, a dor, os gritos estimulavam ainda mais a banalização pela vida. O vídeo de um minuto e vinte segundos, que circulou pelas páginas da internet, impacta pela violência, pela tortura e pela banalização da repugnância coletiva.

A violência da divulgação do vídeo pela redes sociais, e autor das imagens que estava por detrás do celular, filmando, é tão, e quanto horroroso, quanto aqueles que estavam distribuindo a violência pelo corpo da vítima. Os sorrisos dos criminosos ao som das pancadas na Dandara entristecem o coração mais duro, do mais puro sentimento homofóbico. A covardia em plena luz do dia remete a transparência do ódio ainda estimulado por vários setores da sociedade. Seja o ódio homofóbico, ódio racista, ódio político, o ódio reanimado por projetos políticos, igrejas, meios de comunicações, cultura tradicional conservadora, e a falta de educação humanizada que traduz nestes resultados de extermínio da pós-modernidade nas ruas das cidades.

A sociedade deve estimular a humanização das ações, dos sentimentos, das pessoas. As igrejas devem parar de estimular a discórdia e atentar para a união, seja qual for a opção sexual dos seus seguidores. A desunião acordada pela cor da pele, pelo poder aquisitivo, pelo nível de escolaridade, pelo preconceito social, e por qualquer outro motivo, deve ser ceifada para que o fogo do ódio não surja e seja a principal força motriz de mais tragédias pelas ruas e avenidas do Brasil.

Como Jesus Cristo, um dia foi humilhado, massacrado, penalizado com seu sangue, sua dor, a injuria, e fúria de alguns. Dandara, no dia 15 de fevereiro de 2017, também foi crucificada, em cima de um carrinho de mão, e sob a truculência, dos filhotes da violência, da insanidade dos tempo de epidemia, da antipatia total dos sentimentos.

 

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