A chuva de carnaval

Do alto o prenúncio de festa chamava os pingos a cair sobre as fantasias. A chuva quer brincar entre serpentinas e

Por jangada.online em

6 de março de 2024 às 11:07 atualizado às 21:12

Do alto o prenúncio de festa chamava os pingos a cair sobre as fantasias. A chuva quer brincar entre serpentinas e alegria. Molhando os corpos quentes da folia. Juntando ao suor da sambista que mexe o bumbum mais que a movimentação das nuvens no céu. De bloco em bloco a água refresca os copos aquecidos de bebidas. A umidade enche os tecidos das fantasias. As máscaras emergem sobre pingos que borram maquiagens e despem as mulheres cobertas apenas com pinturas. As correntezas se formam acompanhando o ritmo das músicas. É samba, é funk, é forró, é dance, tem espaço até para o sertanejo, e o eterno frevo, axé e companhia.

É carnaval de chuva, suor, prazer, e muita fantasia encharcada. Pingos que descem mais rápidos para festejar o carnaval. Entre um empurrão e um abraço. Entre um beijo e um amaço. A multidão ora bebia a chuva, ora bebia o que estivesse no copo, na garrafa. Guarda-chuvas abertos que bloqueiam a água para não cair na cabeça que dança, pula, grita. Pingos que transformavam as ruas num grande rio. Correnteza que leva toda magoa, todo rancor, todo ódio dos dias de fúrias, dias de intolerância, embora para os bueiros esquecidos, que misturam todas as diferenças, todas as igualdades, todos os conceitos e seus prés, todas as opiniões, todas as verdades.

 

 

Por: Tiago Feitosa Viana  

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