Há espera de uma definição
O vento passa e espalha o papel, o plástico, as tampas das garrafas. O atrito com a velha sacola plástica
O vento passa e espalha o papel, o plástico, as tampas das garrafas. O atrito com a velha sacola plástica do supermercado faz um barulho na imensidão da rua. Na solidão a sacola espera o caminhão. Uma, duas, três horas, um dia, uma semana. O veículo e seus guerreiros garis deixam o vazio na rua sem sombras, sem nuvens e só sacolas no silêncio do lixo.
Alumínio, papel, restos de alimentos sem destino a espera da compreensão judicial que se arrasta há um ano. Guerra não pela limpeza, mas pelos milhões que colocam a culpa na falta de pagamento, na licitação e sua caixa preta, na incompreensão de acertos políticos, no diálogo do puro egoísmo. E surgem heróis que defendem com pulso firme a empresa que queria privatizar os serviços de coleta dos resíduos por 30 anos. Como um reinado onde só ela pode coletar os dejetos da Caucaia. E surgem outros que defendem o governo que sem medo luta, em partes, contra o império sobrenatural do conglomerado industrial. Faz lembrar até disputa eleitoral do bem e do mal, do mal e do bem. Bem por mal a população e suas sacolas ficam no aguardo da definição. Os mosquitos e vermes que nascem entre as rampas de lixo agradecem.
Para quem ficará os milhões? Nem Marquise. Nem EcoCaucaia. Nem Braslimp. O que o povo quer é moralidade, transparência e uma cidade verdadeiramente digna de limpeza pública. Sem propina, sem corrupção, sem fatura de financiamento de campanha eleitoral que um dia a conta chega. Os que defendem a empresa lixo que sempre deixou a desejar na limpeza de Caucaia não pensam nas comunidades por completo. Os que defendem o governo deveriam pedir que uma empresa isenta e independente realize os serviços a partir de 2018.
As sacolas e seu conteúdo de resíduos não querem se sujar no caldo venenoso do cartel do lixo, no escândalo silencioso das licitações fraudulentas, acordos sem o povo, documentos que prorrogam o enriquecimento ilícito de uma, duas, três famílias. E tudo patrocinado com recursos de todos os caucaienses.
Chega desta vergonha!
Por @tiagofeitosaviana