Mosca que nasce da ignorância, do egoísmo e da arrogância

A espera na calçada, já são semanas. E não passa um carro compactador. Um caminhão caçamba. Uma carroça que leve

Por jangada.online em

18 de janeiro de 2018 às 22:54 atualizado às 22:19
A mosca que nasce da ignorância, do egoísmo e da arrogância humana. FOTO: TFVJangada.

A espera na calçada, já são semanas. E não passa um carro compactador. Um caminhão caçamba. Uma carroça que leve o lixo doméstico para o aterro sanitário mais próximo. Os restos de comidas já são lavagens. As larvas já se reproduzem com sol ou com chuva. São milhões que nascem a todo tempo, todo instante. Os ratos e baratas festejam a libertinagem dos resíduos que tomam de conta das ruas e avenidas de Caucaia. O barulho dos caminhões passam lá, longe. No infinito das avenidas principais da cidade. Faz tempo que um gari não recolhe o que era para ser recolhido a dias, nas ruelas e vielas dos bairros mais distantes.

Larvas que multiplicam-se de noite e de dia. Em meio a chuva que espalha ainda mais o odor tenebroso e parte do lixo pelas mesmas ruas. Amontoado que só cresce de cima para baixo e para os lados. O trator parece não dar conta de tanta rampa de lixo que nasce em todas as partes da cidade e a qualquer hora do dia ou da noite. Os mosquitos já iniciam uma avoada única para ao final da tarde picar todos os que insistem em colocar lixo nas ruas, a espera da ignorância, da arrogância e do egoísmo deixarem os tribunais da justiça e começarem executar uma limpeza de vergonha.

Larvas que multiplicam-se em meio as sacolas com os mais variados tipos de lixo. Larvas que diante tanto tempo sem transporte faz nascer os avos das moscas. E são milhares. São milhões. Que seguem em voo mútuo por todas as esquinas, todos os becos, todos os bairros, todas as residências e todos os lugares da cidade. Insistem em ficar em cima da mesa do caucaiense. Insistem em pousar acima de tudo e de todos. Moscas sabidas, filhotes da ingratidão. Da razão de guerras judiciais que prejudicam a população.

Mas, diz o anúncio que as moscas estão com os dias contados. Que a magia da coleta de lixo será normalizada. Que a paisagem dos resíduos nas calçadas será coisa de um passado amargurado, cheio de moscas para contar as histórias. Enquanto, as sacolas lotadas com o resto do consumo não são transportadas, as moscas se reproduzem com uma velocidade ainda maior que a geração do lixo na Dom Almeida Lustosa, nas avenidas do Litoral, nos rincões onde nunca escutaram o ronco do motor de um caminhão que colhe lixo.

Tomando de conta das salas, dos gabinetes, dos tribunais elas voam em grupo sem pedir licença aos policiais. São as moscas unidas com a pesagem maior que as 20 toneladas de lixo dos caminhões indo ao aterro. Criatório de insetos domésticos que trazem pânico a população. Assombrando o padre, o pastor, a imagem de Nossa Senhora dos Prazeres na igreja. Todos a ficarem de joelhos, a pedirem perdão, pela praga que assola o mato que não queima mais, agora só o lixo entra na faísca do fogo. Fumaça danada que intoxica o coração mais puro. Causando pavor até no Aedes aegypti que ficou acuado com tanto entulho e poda de árvore queimando nas esquinas.

No pouso, a comida contamina de ódio. O alimento propaga a doença do egoísmo pela disputa pessoal e política do lixo. Da imundice nasce a vida. Oito mil ovos a cada 24 horas. Par de asas brancas que traz incomodo e transportam mais de uma centena de organismos patogênicos.  Lixo que contamina a mosca. Mosca que contamina o lixo. População pedindo socorro cercada pelos resíduos contaminados por todas as partes.

Ruas, criatórios de moscas, que diante a seboseira do dinheiro infectam com a disseminação da mais cruel de todas as doenças: a falta de respeito pelo povo. 

As moscas que nascem da ignorância, do egoísmo e da arrogância humana começam a fazer as suas primeiras vítimas: a Caucaia, cidade dos dípteros sólidos.     

 

Por @tiagofeitosaviana

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