O sopro que arrastou um Big Rider
O luto fez presente no Cauípe neste domingo (03/11), o atleta profissional de kitesurf, Carlos Madson, nós deixou. Leia abaixo a crônica do jornalista Tiago Viana.

Veloz como o vento, ele passou. Saltou das ondas e foi ao encontro das nuvens. Deixou sua graça no velejo e na criatividade dos voos. Vento que levou Madson para glória das estrelas. Ventania que o arrastou para mais alto que as pipas, acima dos mares, acima das dunas.
No início, ajudava atletas estrangeiros a encher as pipas, carregava as pranchas, além de montar o equipamento. Em seguida as gorjetas dos gringos chegavam e ajudavam. Seu primo, Goiaba, incentivou a desenvolver o talento debaixo dos coqueiros e as margens da lagoa. E veio o primeiro kite, o primeiro salto, a primeira manobra.
Dono de um estilo agressivo. Acordava-se pela manhã e logo cedo corria para treinar. No Cauípe se sentia mais a vontade. Costume de casa com o vento na medida certa.
Dias e dias sob as águas do Cauípe, a evolução no esporte, as primeiras competições, ia deixando ser levado pelos ventos, de pico em pico. No mar mexido em continente estrangeiro, que nem lembrava a calmaria da lagoa, foi aperfeiçoando seu talento. No piscar dos comandos executava manobras que encantavam como os dribles dos reis do futebol.
Nem a eterna luta por patrocínios o fez desistir. Os ventos constantes de 18 nós sopravam. E quando tinha muito gringo na lagoa não dava nem pra treinar.
A brincadeira com as pipas na infância fez amadurecer. O moleque do freestyle crescia e inovava. Vento bom. Salto alto nas ondas. Entre trips e competições amava o mar. Nunca sonhou em disputar circuitos. Seus 25 anos era apenas o início.
Com o irmão Mario treinavam juntos. Não trocava o Cauípe por nada neste mundo. Da vila ele nasceu, cresceu, aprendeu o kite, e ganhou as águas e o céu do mesmo mundo.
Eterno Madson, sua dedicação e talento que já inspiraram mais meninos e meninas, do Cauípe, do Cumbuco e do mundo.
Por Tiago Viana
Twitter: @tiagoviana