O sopro que arrastou um Big Rider

O luto fez presente no Cauípe neste domingo (03/11), o atleta profissional de kitesurf, Carlos Madson, nós deixou. Leia abaixo a crônica do jornalista Tiago Viana.

Por jangada.online em

4 de novembro de 2019 às 01:44 atualizado às 08:16
FOTO: reprodução/Via Instagram

Veloz como o vento, ele passou. Saltou das ondas e foi ao encontro das nuvens. Deixou sua graça no velejo e na criatividade dos voos. Vento que levou Madson para glória das estrelas. Ventania que o arrastou para mais alto que as pipas, acima dos mares, acima das dunas.

No início, ajudava atletas estrangeiros a encher as pipas, carregava as pranchas, além de montar o equipamento. Em seguida as gorjetas dos gringos chegavam e ajudavam. Seu primo, Goiaba, incentivou a desenvolver o talento debaixo dos coqueiros e as margens da lagoa. E veio o primeiro kite, o primeiro salto, a primeira manobra.

Dono de um estilo agressivo. Acordava-se pela manhã e logo cedo corria para treinar. No Cauípe se sentia mais a vontade. Costume de casa com o vento na medida certa.

Dias e dias sob as águas do Cauípe, a evolução no esporte, as primeiras competições, ia deixando ser levado pelos ventos, de pico em pico. No mar mexido em continente estrangeiro, que nem lembrava a calmaria da lagoa, foi aperfeiçoando seu talento. No piscar dos comandos executava manobras que encantavam como os dribles dos reis do futebol.

Nem a eterna luta por patrocínios o fez desistir. Os ventos constantes de 18 nós sopravam. E quando tinha muito gringo na lagoa não dava nem pra treinar.

A brincadeira com as pipas na infância fez amadurecer. O moleque do freestyle crescia e inovava. Vento bom. Salto alto nas ondas. Entre trips e competições amava o mar. Nunca sonhou em disputar circuitos. Seus 25 anos era apenas o início.

Com o irmão Mario treinavam juntos. Não trocava o Cauípe por nada neste mundo. Da vila ele nasceu, cresceu, aprendeu o kite, e ganhou as águas e o céu do mesmo mundo.

Eterno Madson, sua dedicação e talento que já inspiraram mais meninos e meninas, do Cauípe, do Cumbuco e do mundo.

 

Por Tiago Viana

Twitter: @tiagoviana

jangada.online

conteúdo independente; jornalismo positivo ®

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *