Sangue no gramado

Em vez de gols os tiros silenciaram a voz da torcida. Passes errados que a sociedade construiu ao longo dos

Por jangada.online em

12 de março de 2018 às 21:54
FOTO: reprodução/Internet.

Em vez de gols os tiros silenciaram a voz da torcida. Passes errados que a sociedade construiu ao longo dos anos. Crime que se organizou e tira a vida de qualquer um. Seja na arquibancada cheia de torcedores ou no campo com os jogadores.
Entre um drible e um chute, chegam e param o jogo, descarregam a arma e barram mais uma vida. Apenas mais um na estatística petrificada dos governos. Mais um que vai embora sem se despedir de sua família. Na justiça paralela quem manda não aparece. Esconde-se por entre as brechas das artimanhas das leis e a corrupção que envenena o judiciário.

Na areninha agora não há mais diversão. No vazio do silêncio a grama sintética deu espaço ao sangue que escorre por entre a falta de compromisso das autoridades. Onde falta tudo, o crime chega com força e domina a parada. Territórios minados em que o terrorismo manda. Impregna na cultura das famílias.

Na audiência da televisão os infinitos programas constroem os astros, onde os marginais são as estrelas e estão lá propagando diariamente a cultura da violência. É assalto. É sangue. É morte. São os caminhos espinhosos dos tempos onde é bonito portar uma arma e atirar ao vento.

Na praça nova, mas já abandonada pelo medo, que voltou, após os tiros, o cheiro da pólvora ainda não foi embora. Flutua pelo espaço das traves, no meio do campo, na marca do pênalti. Incomodando o nariz dos governantes. No ar de pele queimada com corrupção aguçada. Na podridão dos poderes a mando das vontades próprias.

Silêncio em vez de gols. Balas em vez de esporte. Na Caucaia que esquarteja mulheres em mangue e mata homem em Campo Society.
Onde será a próxima tragédia?

 

Por Tiago Viana

jangada.online

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