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Comitê avalia ações para a população indígena do Ceará durante a pandemia

Entidades ligadas aos povos indígenas cearenses, órgãos de saúde do Estado e Ministério Público do Ceará (MPCE) se reuniram, na última semana, para avaliar e propor metas de atenção à saúde indígena no contexto da pandemia da Covid-19. Na ocasião, foram abordadas questões como segurança alimentar, saúde mental, materiais de saúde e invasão de territórios indígenas durante o isolamento social. Também foi criado um comitê que acompanhará as comunidades.

Todos os sete povos tradicionais presentes no território cearense possuem pessoas infectadas com o novo coronavírus. Com mais de 170 casos confirmados, as comunidades indígenas estão com sinal de alerta ligado e enfrentam problemas estruturais.

Na reunião virtual, os participantes demonstraram preocupação com as cidades de Caucaia e Itarema, que concentram o maior número de casos confirmados da doença, segundo o Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) Ceará. Conforme a entidade do Ministério da Saúde, as cidades somam, juntas, mais de 100 pessoas infectadas. Caucaia registra, ainda, 33 casos suspeitos e dois óbitos. Em Itarema, não há mortes.

 

Recomendações

Por conta do cenário preocupante, as Defensorias Pública do Estado e Pública da União expediram, ainda em maio, recomendações com 16 pontos para a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), Secretaria de Proteção Social (SPS), Secretaria de Saúde Indígena no Ceará e Fundação Nacional do Índio (Funai). Representantes de todas as entidades estiveram presentes no encontro virtual, que efetivou a criação do comitê de acompanhamento.

 

*Com informações do Diário do Nordeste

Assembleia Nacional de Resistência Indígena será via live

Cartaz do evento. Imagem reprodução/divulgação

 

Com a confirmação dos primeiros casos de Covid-19 no Brasil, a preocupação com a contaminação dos povos indígenas era inevitável. A primeira morte foi confirmada em 20 de março em Santarém (PA), a vítima era uma anciã da etnia Borari. Desde então, 29 povos de 4 regiões (Norte, Nordeste, Sul e Sudeste) foram diretamente atingidos pela doença, contabilizamos 170 casos de contaminação confirmados e 40 mortes.

Se a sociedade brasileira não indígena sofre com a falta de liderança e coordenação de governos e autoridades, a situação é mais delicada no contexto dos povos originários, visto que o desmonte da política indigenista ocorre há alguns anos. No Amazonas, por exemplo, onde os sistemas de saúde e funerário entraram em colapso, a região do Alto Solimões é a mais afetada em quantidade de casos de contágio e óbitos.

A atuação das instituições públicas não é apenas ineficiente como irresponsável, pois houveram casos de contaminação causados por pessoas à serviço da Sesai nos territórios. Em paralelo à pandemia, os povos indígenas continuam enfrentando, dentro dos seus territórios ataques de criminosos já conhecidos, como grileiros, garimpeiros e madeireiros. Ou seja, além da pandemia estão precisando lidar com aumento de criminalidade que, muitas vezes, encontra incentivo e apoio no discurso e nas medidas institucionais do atual governo.

Para lidar com as situações criadas ou agravadas pela Covid-19, a Apib promove a Assembleia Nacional de Resistência Indígena. O objetivo é coordenar as estratégias de combate à disseminação do novo coronavírus de forma unificada e respeitando as diferenças regionais e culturais. Para construir um plano de enfrentamento, lideranças regionais e especialistas não indígenas de diferentes segmentos irão compartilhar diagnósticos locais de danos causados pela disseminação do vírus a fim de compreender como as comunidades estão lidando com os casos e se têm acesso a equipes de saúde.

Além da construção do plano de enfrentamento, a Apib propôs uma cerimônia em memória às vítimas de Covid-19 para visibilizar e humanizar as perdas dos povos indígenas. Problemas na notificação dos casos também preocupam os povos indígenas, uma vez que a Sesai registra apenas casos e óbitos de indígenas aldeados – ou seja, excluindo os parentes que vivem em contexto urbano. Por isso, um dos eixos temáticos na agenda do encontro é a articulação de redes de apoio e de informação para suportar os casos que solicitam ajuda imediata e verificar casos ainda não registrados pela Sesai.

A articulação da Assembleia ocorre logo após a realização da 16ª edição do Acampamento Terra Livre 2020 que discutiu medidas de prevenção e proteção dos indígenas brasileiros, mas também alertou sobre questões e lutas antigas como batalhas judiciais movidas para atacar populações tradicionais em seus territórios. Assim como o ATL, a Assembleia também será realizada online, respeitando as orientações da OMS para evitar aglomerações e sem colocar em risco as comunidades representadas.

 

Assembleia Nacional de Resistência Indígena
Quando: 8 e 9 de maio
Onde: @apiboficial

 

Confira a programação completa da Assembleia:

 

Sexta-feira, 8 de maio

9h às 9h30 – Ritual de abertura

9h30 – 10h10 – Saudação da Coordenação da APIB

10h10 às 12h40 – Diagnósticos regionais sobre a COVID-19 nas aldeias e o impacto sobre os povos indígenas

12h40 às 14h – Espaço aberto para lideranças indígenas de base

14h30 às 15h10 – Fala geral orientadora da metodologia da tarde

15h às 17h – Construção de redes de informação e apoio

17h às 19h – Apresentação das relatorias das mesas e encerramento do dia

19h às 21h – Atividades culturais

Sábado, 9 de maio

9h às 9h30 – Ritual de abertura

9h30 – 10h – Apresentação do resumo do dia anterior e como será o dia de atividades

10h às 12h – Medidas jurídicas e legislativas para garantia de Direitos dos povos indígenas no enfrentamento ao Covid-19

10h às 12h – Medidas emergenciais para o enfrentamento da Covid-19

12h às 14h – Mesa dos presidentes do Conselho de Saúde Indígena (Condisi)

14h às 16h – Debates sobre instâncias internacionais

14h às 16h – Campanhas de comunicação em rede/Estratégia de comunicação em rede

16h às 17h – Fechamento – Apresentação das propostas e diretrizes

17h às 18h – Apresentação de comitês, conselhos e grupos de trabalho formado por indígenas e não indígenas para o fechamento e apresentação do plano de enfrentamento

18h às 19h – Cerimônia em memória às vítimas da Covid-19

19h às 20h – Atividades culturais

Povos indígenas têm atendimento médico e alimentação precários

A pandemia do novo coronavírus evidenciou negligências históricas aos povos indígenas do Ceará, presentes em 20 municípios, segundo a Secretaria de Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos (SPS) do Estado. Atendimento médico precário, dificuldade no acesso à comida e água são gargalos enfrentados por uma população que chega a 35,7 mil pessoas.

Para Neto Pitaguary, presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena do Estado, a cobertura médica é o principal desafio. Ele avalia que existe uma limitação na força de trabalho que ficou ainda mais evidente com a pandemia. “A gente tem uma fragilidade. Hoje, o que temos não é suficiente para atender a população. A gente precisaria de mais profissionais”, ressalta.

O Ceará conta com apenas cinco profissionais do Programa Mais Médicos (PMM) que atuam no Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) local, unidade gestora do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SasiSUS). Dos estados do Nordeste com Distritos, é o que tem o menor número de profissionais do PMM, ficando atrás do Maranhão (19), Bahia (18), Pernambuco (13), Paraíba (8), Alagoas e Sergipe (7). Piauí e Rio Grande do Norte não possuem DSEIs, segundo o Mapa de Atuação do Programa Mais Médicos.

Unidades Básicas

Conforme dados do Dsei Ceará, o Estado possui 26 Unidades Básicas de Saúde Indígena (UBSI) e nove pólos bases de saúde. Esse reduzido número é responsável pela atenção primária de 104 aldeias cearenses. “Com a pandemia, cada pólo base ficou responsável por criar o plano de contingência com base nas orientações da OMS, do Estado e da Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena)”, explica Neto Pitaguary. Além disso, o Ceará tem duas Coordenações Técnicas Locais, localizadas nos municípios de Itarema e Crateús.

Weibe Tapeba, advogado e liderança indígena do Povo Tabepa, em Caucaia, avalia que esses números – de médicos e UBSIs – é insuficiente para preencher a demanda no Estado. “Aqui, na Lagoa dos Tapeba, a UBSI atende a quatro comunidades. O único médico que tínhamos do Mais Médicos foi embora”, lamenta. “Além da contratação de profissionais, é necessário termos a construção de mais unidades de atendimento, assim como a ampliação da frota de veículos para as equipes e para os casos de urgência nas comunidades e a valorização da medicina tradicional”.

A maior parte dos profissionais da atenção básica indígena no Ceará são conveniados, ligados ao Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP). Até abril de 2019, o Instituto operava com 292 profissionais. A reportagem tentou contato com o IMIP e Sesai para saber se houve atualização do número. O Instituto informou, em nota, que qualquer informação sobre o assunto deve ser solicitada ao setor de comunicação da Sesai. O órgão, por sua vez, não respondeu aos questionamentos.

Para Weibe Tapeba, a mudança de direção na Secretaria Especial de Saúde Indígena, em Brasília, realizada em 2019, gerou alteração no critério de definição das coordenações estaduais e dificultou a atuação nos municípios.

“Acabou gerando, ao meu ver, uma certa descontinuidade nos serviços e prejudicando algumas áreas”, explica. “Por exemplo, há uma decisão de não contratar mais profissionais. Isso prejudica regiões em que a demanda está sufocada. Assim como não há nenhuma perspectiva de construções de UBSIs novas, sendo que a maioria dos locais onde os atendimentos são realizados é adaptada”. Pitaguary concorda com a avaliação de Weibe Tapeba e reafirma que cinco profissionais do Mais Médicos, cerca de 300 ligados ao Imip e apenas 26 UBSIs são insuficientes para um contingente tão grande de indígenas no Ceará.

Realidade preocupante

Na comunidade de Retiro, zona rural de Iguatu, onde vive o povo Kariri-Quixelô, as 15 famílias residentes no local não contam com posto de saúde ou UBS. Segundo o cacique Eduardo Kariri-Quixelô, os cerca de 50 moradores são atendidos por um médico, cedido pelo Município, que se desloca ao local uma vez por mês. “Infelizmente, não estamos recebendo mais nem essa visita médica. Está com mais de dois meses que o povo não é atendido”, relata.

Sem acesso aos serviços básicos de saúde, a comunidade era obrigada a se deslocar ao Centro da cidade de Iguatu, a cerca de 19 km de distância. Porém, com as recomendações da OMS de evitar sair de casa, esse deslocamento também ficou impedido.

“Começou a vacina da gripe (H1N1) e nem disso fomos avisados”, conta. A reportagem entrou em contato com a Secretaria da Saúde de Iguatu, mas não teve os questionamentos respondidos até o fechamento desta edição.

Povo Kariri

Na comunidade do Poço Dantas, no município de Crato, na região do Cariri, a dificuldade em conseguir atendimento médico se agravou nos últimos dias. Normalmente, a aldeia recorre ao posto de saúde em Monte Alverne, distrito vizinho. Vanda Lúcia Batista Kariri, presidente da Associação dos Índios Kariris, explica que esse acesso ficou limitado com a pandemia. “Agora está complicado porque temos pessoas idosas”, pontua. Na comunidade, aproximadamente 60 famílias dependem do deslocamento para conseguir atendimento médico.

Os problemas, no entanto, não se restringem à área da saúde. Segundo a representante, “até o mês passado” a comunidade não possuía sequer acesso à água. “Conseguimos com a Prefeitura depois de uma luta de quase 10 anos”, lembra. “Nem a Funai, nem a Secretaria de Saúde Indígena nos deu apoio. Estamos em situação de muita vulnerabilidade”. Vanda Batista disse ainda que a comunidade está preparando um relatório para encaminhar à Funai com as principais demandas, embora já tenha sido enviado um ofício cobrando “uma visita na comunidade”.

Joedson Nascimento, mestrando em Geografia que pesquisa o processo de identificação, autoafirmação e organização política dos Kariris, confirma que “não existe nenhum equipamento de saúde, nem federal, nem municipal”, no Sítio Poço Dantas. “Outras reivindicações são a construção de uma escola indígena e de um posto de saúde na comunidade”, destaca, apontando que a saúde é muito fragilizada porque não tem serviços que atendam à demanda da comunidade.

Segundo o secretário da Saúde de Crato, André Barreto, o Município apresentou o Plano de Contingência ao Ministério Público, mas confessou não ser nada específico voltado às comunidades indígenas e quilombolas. “A Comunidade Kariri, no distrito de Monte Alverne, é muito integrada à sociedade. A dificuldade, neste momento, se dá devido às chuvas que castigaram bastante as estradas naquela região”, justificou o secretário. Este é mais um grave problema. Isto porque a Unidade Básica de Saúde de Monte Alverne é a responsável pelo atendimento ao Poço Dantas. Sem acesso às estradas, não há atendimento médico.

O Diário do Nordeste questionou à Secretaria Especial de Saúde Indígena – que desde 2008 passou a gerir as questões sanitárias indígenas – sobre o baixo quantitativo de médicos dedicados ao atendimentos das tribos. Assim como também questionou o órgão se há previsão para contratação de mais profissionais. No entanto, as demandas não foram respondidas.

Alimentação

Além de cobrar mais atenção ao serviço de saúde, alguns povos relatam estar encontrando dificuldades em conseguir alimentos diante das medidas de isolamento social. A Fundação Nacional do Índio (Funai) determinou que “até que o pico da doença diminua, não é recomendado aos indígenas deixar as aldeias”. Diante disso, as atividades voltadas ao turismo e venda artesanal foram interrompidas.

Para Sarah Lima, bióloga e integrante do coletivo Ceará no Clima, que está estudando e acompanhando a rotina das aldeias durante a pandemia, “o isolamento social está sendo seguido” o que tem dificultado a obtenção de renda e, consequentemente, na aquisição de alimentos. “Com o isolamento, as pessoas não conseguem ir às cidades para comprar esse alimento não perecível”, lamenta Mateus Tremembé, da Terra Indígena Tremembé da Barra do Mundaú, em Itapipoca.

Para amenizar a situação, Mateus explica que a tribo, onde vivem 140 famílias, está minimizando os impactos da falta de alimento com a agricultura familiar e pesca artesanal. “Temos peixe, crustáceos, a própria criação de galinhas, porcos, cabra, o siri, que é muito forte”, comenta Tremembé.

Na Aldeia Japuara do povo Anacé, em Caucaia, a realidade é diferente. Cerca de 30% dos índios são informais, trabalhando com o turismo ou na agricultura familiar. “A insegurança alimentar é algo que tem se demonstrado muito forte neste momento”, lamenta o cacique Climério Anacé. “Temos espaços de agricultura coletiva, porém, já estão lotados”. Diante da dificuldade, as lideranças estão realizando uma campanha de arrecadação de mantimentos nas redes sociais para cerca de 138 famílias, nas comunidades de Japuara e Santa Rosa, também Anacés.

Em nota, a Funai informou que está “se articulando junto a diferentes setores do Governo para a aquisição e distribuição de cestas básicas a indígenas em situação de vulnerabilidade com o objetivo de garantir a segurança alimentar dessas populações em meio à pandemia”. Para tal, a Funai solicitou às Coordenações Regionais um levantamento da necessidade de entrega das cestas nas suas áreas de atuação.

Já a Secretaria de Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos (SPS) do Estado disse, também por nota, que “está em constante contato com as etnias indígenas e está adquirindo cestas básicas para serem entregues a grupos indígenas e outros que estejam com essa necessidade atualmente”. Segundo a Pasta, na última semana, houve a doação de duas toneladas de alimentos, além de itens de vestuário, higiene pessoal e material de limpeza.

Território

O cacique Climério Anacé pontua que a pandemia torna mais evidente a falta de regularização do território indígena no Ceará. Segundo ele, somente um dos 15 povos tradicionais (incluindo o povo Karão-Jaguaribara, não presente na lista da SPS, que só contabiliza 14 povos) possui o processo de terra regularizado, ainda que parcialmente.

“O único território é o Tremembé do Córrego João Pereira, em Itarema”. Segundo ele, o processo de regularização facilitaria a inserção de projetos de fomento à agricultura familiar específicos para a comunidade indígena. O benefício imediato, conforme avalia, seria uma maior segurança alimentar, sobretudo em momentos de crise, como o vivenciado atualmente. Essa lacuna, no entanto, não é exclusiva aos povos indígenas do Estado. Apenas 8% das 419 terras indígenas já são regularizadas e que integram o patrimônio da União para usufruto exclusivo dos povos indígenas. No Nordeste, são 24 terras regularizadas, duas homologadas e 17 estão em estudo. A Funai, órgão responsável pela regularização, não informou, no entanto, se deste total há alguma contemplação dos povos indígenas no Ceará.

Doações

As tribos em maior dificuldade estão recebendo doações de alimentos e donativos. Os interessados podem entrar em contato através dos telefones:

Povo Anacé: (85) 99635.6151 | 98540-0812

Povo Pitaguary: (85) 99856-7556

Povo Tapeba: (85) 99809-8500

Povo Tremenbé: (88) 99986-9132

*Via Diário do Nordeste

Weibe Tapeba integra rede de advogados indígenas em Brasília

FOTO: reprodução/Whatsapp

Desde a última segunda-feira (03/02) o vereador do município de Caucaia e advogado, Weibe Tapeba, está em Brasilia participando do I Seminário Nacional de Fortalecimento da Advogacia Indígena.

Conforme o vereador Weibe Tapeba o objetivo é construir a Rede Nacional dos Advogados Indígenas (RNAI). “A ideia da rede é de contribuir com os povos e organizações indígenas do Brasil, fazendo incidência no sistema de justiça”, explica Tapeba.

O representante do Ceará e de Caucaia, Weibe, também participou de uma reunião com a Comissão Especial de Defesa dos Direitos dos Povos Indígenas, na sede nacional do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

FOTO: reprodução/Whatsapp

Secult lança I Prêmio Culturas Indígenas do Ceará

A Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult), em reconhecimento e valorização as iniciativas culturais dos povos indígenas em território estadual, lança nesta quarta-feira (6), às 15h, durante a XXIV Assembleia Estadual dos Povos Indígenas, o I Prêmio Culturas Indígenas do Ceará. O documento foi construído de forma colaborativa, com diálogo e em parceria com o movimento indígena do Ceará. A ação, que acontecerá na Lagoa da Encantada/Povo Jenipapo Kanindé, é parte das comemorações do Mês da Cultura (dia 5 de novembro).

Para a premiação, a Secult disponibilizará um total de R$ 500.000,00, recursos do Tesouro Estadual. A premiação que acontecerá, preferencialmente, de forma bienal, possibilita cumprir as diretrizes formuladas pelo Plano Estadual de Cultura do Ceará, instituído pela Lei nº 16.026/2016, de 01 de junho de 2016, como garantia dos direitos de acesso e promoção às políticas da cultura. É válido ressaltar que somente os Povos Indígenas do Ceará poderão concorrer ao Prêmio, sendo representados por organizações indígenas constituídas de pessoa jurídica de direito privado sem fins econômicos, de natureza ou finalidade sociocultural, que desenvolvam e articulem atividades culturais com autorização expressa das respectivas etnias.

Ao todo, serão concedidos 25 prêmios destinados às organizações indígenas no Ceará dotadas de personalidade jurídica (CNPJ). Serão premiadas iniciativas culturais indígenas com suas condições de existência e livre manifestação como forma de reconhecimento e valorização do protagonismo dos diferentes Povos Indígenas no Estado do Ceará, nas seguintes áreas: Religiões, rituais e festas tradicionais; Músicas, cantos e danças; Línguas indígenas; Narrativas simbólicas, histórias e outras narrativas orais; Educação e processos próprios de transmissão de conhecimentos; Meio ambiente, territorialidade e sustentabilidade das culturas indígenas; Medicina indígena; Alimentação indígena: 1) Manejo, plantio e coleta de recursos naturais e 2) Culinária indígena. Além de Jogos e brincadeiras; Arte, produção material e artesanato; Pinturas corporais, desenhos, grafismos e outras formas de expressão simbólica; Arquitetura indígena; Memória e patrimônio: 1) Documentação, 2) Museus e 3) Pesquisas aplicadas; Textos escritos; Dramatização e histórias encenadas; Produção audiovisual e fotografia; outras formas de expressão próprias das culturas indígenas.

Inscrições

A inscrição será gratuita e poderá ser realizadas de duas formas: a) Através da entrega da documentação em envelope lacrado ao setor de Protocolo da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult), no período de 29 de novembro de 2019 a 30 de dezembro de 2019, no horário de 8h às 12h e das 13h às 16h30; ou b) por meio de serviços de correspondência da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT, com Aviso de Recebimento (AR), com postagem até o último dia de inscrição, aos cuidados da Coordenadoria do Patrimônio Cultural e Memória – COPAM, no seguinte endereço: Rua Major Facundo, nº 500, Edifício São Luiz, Centro, CEP: 60.025-100, Fortaleza – Ceará.

As inscrições via correios somente serão aceitas com a data de postagem até o último dia de inscrição. Não ocorrendo essa confirmação, a inscrição será automaticamente indeferida.

A Arte de divulgação

Para a divulgação do I Prêmio Culturas Indígenas do Ceará foi escolhida a obra do artista plástico indígena cearense Benício Pitaguary, que vem desenvolvendo trabalhos com grafismos indígenas e o fortalecimento dessas práticas nas aldeias em nível estadual e nacional.

Política para Povos Originários e Comunidades Tradicionais – Instância de Participação e Controle Social

A Secretaria da Cultura instituiu comitês de políticas culturais, que estão em consonância com o Plano Estadual de Cultura, o Sistema Estadual de Cultura e a Política Estadual Cultura Viva, reunindo representantes dos povos indígenas e das expressões culturais afro-brasileiras em diálogo frequente com integrantes do poder público estadual. Editais específicos para esses povos e os planos setoriais vêm sendo articulados a partir desses comitês.

Mais do que uma resposta a demandas desses grupos, as iniciativas representam um reconhecimento do poder público à contribuição que essas populações deram e continuam dando à história, às artes e à cultura, constituintes da diversidade e da riqueza étnico-racial do Brasil enquanto nação. Um reconhecimento à diversidade cultural e à presença dos povos originários no território cearense, essa iniciativa é também um ato político da Secretaria da Cultura e da Sociedade Civil sintonizado com as causas indígenas.

A partir da constituição do grupo de trabalho e do Comitê Gestor de Políticas Culturais Indígenas, instituído pela Portaria nº 201, de 5 de setembro de 2017, a Secretaria da Cultura ampliou o espaço para a valorização da cultura indígena, incluindo na sua programação de eventos e equipamentos. Em 2015, Cacique Pequena, da comunidade Jenipapo-Kanindé, em Aquiraz, foi diplomada Mestra da Cultura, sete anos depois que os dois representantes indígenas haviam sido contemplados: Pajé Luís Caboclo e Cacique João Venâncio, ambos da comunidade Tremembé, em Itarema.

 

Serviço:

O I Prêmio Culturas Indígenas do Ceará estará disponível, a partir do dia 7 de novembro, no site editais.

 

MAPA DA PRESENÇA INDÍGENA

O Ceará tem 14 etnias indígenas distribuídas em 19 municípios:

Anacé

São Gonçalo do Amarante e Caucaia

Gavião

Monsenhor Tabosa, Boa Viagem e Tamboril

Jenipapo-Kanindé

Aquiraz

Kalabaça

Crateús e Poranga

Kanindé

Aratuba e Canindé

Kariri

Crateús

Pitaguary

Maracanaú e Pacatuba

Potyguara

Crateús, Tamboril, Monsenhor Tabosa e Novo Oriente

Tabajara

Crateús, Poranga, Tamboril, Monsenhor Tabosa e Quiterianópolis

Tapeba

Caucaia e Maracanaú

Tremembé

Acaraú, Itapipoca e Itarema

Tubiba-Tapuia

Monsenhor Tabosa e Tamboril

Tapuya-Kariri

São Benedito, Carnaubal e Canindé

Tupinambá

Crateús

Marcha marca resistência do povo Tapeba de Caucaia

A comunidade indígena Tapeba de Caucaia promove nesta quinta-feira (3/10) uma marcha pelas ruas do Centro da sede do município.

Alusiva ao Dia do Índio Tapeba, celebrado amanhã, a atividade tem apoio institucional da Prefeitura, por intermédio da Secretaria Municipal de Turismo e Cultura (SetCult).

A data marca a morte do cacique Vítor Tapeba, ocorrida em três de outubro de 1983, e remete à força do povo Tapeba que este ano leva às ruas o tema “Terra e a Resistência.”

SERVIÇO
MARCHA DO DIA DO ÍNDIO TAPEBA
QUANDO:
 3 de outubro, às 7h30min.
ONDE: praça da Matriz, Centro (concentração).

Tapebas recebem visita do mestre Carlos Henrique Brandão

O educador e antropólogo Carlos Rodrigues Brandão sendo recepcionado pelo líder e vereador Weibe Tapeba. FOTO: Via Whatsaap.

Nesta quarta-feira (18/9) a comunidade dos Tapebas recebeu a visita de um grupo de professores das universidades brasileiras.  Um dos ilustres visitantes foi o educador e antropólogo Carlos Rodrigues Brandão (Foto).

O renomado pesquisador tem vários trabalhos voltados para temática educacional que ajuda a pensar a realidade brasileira. Na comunidade Tapeba o educador foi recepcionado pela liderança e vereador Weibe Tapeba.

 

Conheça mais sobre Carlos Rodrigues Brandão

Licenciado em psicologia e Psicólogo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1965); mestre em antropologia pela Universidade de Brasília (1974). doutor em ciências sociais pela Universidade de São Paulo (1980); livre docente em antropologia do simbolismo pela Universidade Estadual de Campinas. Realizou pós-doutorado na Universidade de Perugia e na Universidade de Santiago de Compostela. É “fellow” do St. Edmund’s College da Universidade de Cambridge. Atualmente é professor colaborador do Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), professor colaborador do POSGEO da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e professor visitante da Universidade Estadual de Goiás. Possui experiência na área de antropologia, com ênfase em antropologia camponesa, antropologia da religião, cultura popular, etnia e educação, com foco na educação popular É Comendador do Mérito Científico pelo Ministério de Ciência e Tecnologia, doutor honoris causa pela Universidade Federal de Goiás, doutor honoris causa pela Universidad Nacional de Lujan (Argentina), professor emérito da Universidade Federal de Uberlândia, e professor emérito da Universidade Estadual de Campinas. Escreveu artigos e livros nas áreas de antropologia, educação e literatura.

Aberta a XIX Feira Cultural e o XVIII Jogos Indígenas

Na manhã desta quarta-feira (07/8) o prefeito Naumi Amorim participou da cerimônia de abertura da XIX Feira Cultural e do XVIII Jogos Indígenas, realizados às margens da Lagoa dos Tapebas, no Terreiro Sagrado do Pau Branco, no bairro Capuan.

Naumi ressaltou a importância do apoio aos eventos culturais indígenas e da parceria com estas comunidades. “Toda vez que venho aqui me sinto em casa. O momento é ímpar porque a história fica viva e a cultura revive. Hoje é diferente, a gestão municipal se envolve, dialoga e ajuda as comunidades”, disse.

Para o titular da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, Paulo Guerra, a festa é uma tradição da nação Tapeba e deve ser mantida. “É importante fazermos esta festa, sem descaracterizar, sem perder o respeito da história, para que todos conheçam a cultura e tradição dos índios de Caucaia. Desta forma, tornamos nossa cultura indígena cada vez mais forte e vibrante”, ressaltou.

Weibe Tapeba, liderança indígena e vereador, acredita que a atividade da feira e dos jogos faz parte do calendário político do povo caucaiense. “Este evento não tem só o viés econômico, mas para demarcados mais o espaço da nossa existência e resistência no nosso município”, disse.

O cacique da aldeia Tapeba, Francisco Alves Teixeira (Alberto), lembra que o momento da confraternização é bom porque o povo reconhece os índios no Ceará. “É importante manter a cultura e celebrar os nossos costumes em nossa terra. Temos possibilidade de mostrar nossas tradições para todos, e conservar nossas tradições”, afirmou.

Na programação das competições, estão as modalidades esportivas como arco e flecha, duathlon, arremesso de lança, cabo de força, resistência de fôlego e corrida com tora.

Há também a realização de oficinas de artesanato, apresentações culturais, palestras, degustação da culinária tradicional, desfile de vestimentas e rituais sagrados. O evento é gratuito e aberto ao público.

Os dois eventos seguem até a próxima sexta-feira (09/8). A iniciativa conta com apoio institucional da Prefeitura de Caucaia por meio da Secretaria Municipal de Esporte e Juventude (Sejuv).

Audiência discutirá a situação dos povos indígenas no Ceará

FOTO: reprodução/Internet.

No próximo dia 22 de maio será realizada a partir das 14 horas, nas Salas de Comissões, da Assembleia Legislativa do Ceará a audiência pública que abordará a situação dos povos indígenas no Ceará: “as violações dos direitos e o afastamento da política indígena”.

Serão indígenas de 15 etnias de todo o Estado, incluindo a Tapeba e Anacé de Caucaia, além de instituições parceiras, pesquisadores e interessados na temática.

Na oportunidade será lançado o livro Violações de Direitos Indígenas no Ceará – Terra, Educação, Previdência e Mulheres. A publicação é uma iniciativa da ONG Adelco, em parceria com o Movimento Indígena no Ceará, a ONG Esplar e a Universidade Federal do Ceará (UFC). Para isso, foi executado um financiamento através de um suporte da União Europeia.