Durante os dias 21 a 25 de março a cidade de Caucaia comemorou a Festa Anual das Árvores, evento realizado pela Secretaria do Meio Ambiente (Sema), Semace e participação do Instituto do Meio Ambiente do Município de Caucaia (Imac). Foi realizado algumas ações aleatórias para celebrar a Semana da Árvore. O evento também é realizado simultaneamente em 110 municípios do Ceará.

As atividades executadas nesta semana tem seu valor no sentido de sensibilizar a população para importância de preservar e proteger as matas e florestas do município de Caucaia. Uma das árvores símbolos da biodiversidade caucaiense é a carnaúba. Árvore símbolo do Ceará que tem seu valor histórico e cultural, além de ser uma espécie genuinamente local. Seu corte só pode ser conseguido mediante autorização de órgãos e entidades estaduais competentes.

Entretanto, será que as áreas de proteção ambiental de Caucaia estão sendo realmente protegidas? Será que as áreas de relevante interesse ambiental estão sendo devidamente monitoradas e preservadas?

Caucaia tem um ecossistema muito rico, onde se encontra em uma localização de poucos quilômetros equidistantes as serras, o sertão, o litoral e as matas, cada uma com suas riquezas e características próprias.

No município existem quatro áreas registradas por leis que deveriam ser preservadas e protegidas contra ação do homem. São elas: Área de Proteção Ambiental do Lagamar do Cauípe (Ecossistema: lacustre/complexo vegetacional litorâneo. Decreto Estadual), Área de Proteção Ambiental do Estuário do Rio Ceará (Ecossistema: manguezal. Decreto Estadual), Parque Botânico do Ceará (Ecossistema: complexo vegetacional litorâneo. Decreto Estadual), Estação Ecológica do Pecém (Ecossistema: dunas. Decreto Estadual). Está em fase de implantação e estudo a primeira APA municipal que será a Unidade de Conservação da Serra da Rajada, localizada no distrito da Tucunduba.

No papel as áreas de proteção existem e parecem atuar bem para proteger seus ecossistemas. Mas, a ação que desmata, polui e reduz estas áreas age diariamente a luz do dia, sem uma intervenção mais enérgica dos órgãos federais, estaduais e municipais.

Que diga a região de todo o rio e lagamar do Cauípe que era para ser preservada e protegida, mas que ninguém se atenta para sua biodiversidade e sua riqueza ecológica. Mesmo supostamente protegida por uma APA a região próxima do percurso do rio e do Lagamar do Cauípe até a Barra do Cauípe precisa de socorro, precisa de atenção e de mais respeito por todos que verdadeiramente amam Caucaia.

Além do constante desmatamento, as margens, sofrem diariamente assoreamento, além de ações criminosas como despejo de lixo e resíduos, muito das vezes até contaminado, por grandes empresas e pela própria população.

Os mangues, o sertão e as serras são outros ecossistemas que merecem atenção especial. A especulação imobiliária e o crescimento do centro urbano diminuem estas regiões, além da poluição de rios e lagoas.

E por falar nas lagoas, Caucaia, é o município cearense que mais possui. Não existem sérios programas que preservem suas margens, sua nascente e seu espelho de água. Nem projetos que a população possa usufruir destes espaços de contemplação com a natureza.

O município de Caucaia nunca olhou para seu meio ambiente com compromisso ajuizado e único interesse de preservar sua área verde para as futuras gerações. Ainda tem as ameaças que vem de fora como estrangeiros que irregularmente promovem a coleta de espécie das serras caucaienses, denunciadas pelos moradores da Serra da Rajada, que testemunham grupos de coreanos levarem da mata centenas de espécies.

O parque das dunas é outro ambiente extremamente destruído pela ocupação irregular. Problema este que reverte e desequilibra até no avanço do mar nas praias do litoral.

Na semana dedicada à árvore vem o grito de socorro das regiões esquecidas e pouco conhecidas do município que tem extremo interesse natural. Caucaia possui lugares belíssimos que precisa ser mais protegidos e explorados com o devido cuidado e respeito do turismo ecológico e educacional.