O #EleNão e o ódio

Manifestações nas ruas e incompreensão nas redes sociais. Acima de qualquer partido político ou candidato, as mulheres, os negros, os índios, as opções religiosas e as minorias merecem respeito.

Por jangada.online em

30 de setembro de 2018 às 16:22
Foto: Mídia Ninja.

 

O 29 de setembro de 2018 ficará marcado na história das manifestações sociais como o dia em que um grande número de mulheres brasileiras foram as ruas protestar contra a intolerância machista e assegurar a democracia conquistada com tanto suor, sangue e vidas em épocas que a ditadura imperava. Não foi apenas um grito isolado de feministas, mas de todos os povos e etnias que diariamente sofrem com a discriminação, o racismo e o preconceito. Aqui não se trata de defender candidato A ou B, mas de uma voz de milhões de mulheres que se manifestaram em mais de 300 cidades pelo Brasil e também no mundo.

Aqui também não se trata de discutir a ingênua guerra entre militantes de direita e de esquerda, que se alfinetam em épocas eleitorais de redes sociais e do reinado do fenômeno chamado fake News. É algo muito maior, que ultrapassa os limites políticos em épocas quentes de disputa eleitoral. Supera as barreiras desta eleição, suas discussões e suas paixões.

O ato das mulheres testemunhado no 29 de setembro vai além das opões partidárias ou políticas, o ato é um aviso a qualquer pessoa, qualquer candidato, que não respeita os direitos das mulheres, os direitos dos negros, dos índios, dos homossexuais e de todas as minorias existentes ou estereotipadas em meio ao ódio e o rancor de quem não aceita as diferenças.

A família brasileira é composta por todos. Não há superioridade por conta da opção religiosa, não há condições especiais ou pedestais para quem se diz ser da família e dos bons costumes e menospreza, desrespeita, não considera outros irmãos, apenas pelo contentamento dos preconceitos construídos para a dita “supremacia” querer ultrapassar o convívio, sempre baseado na paz e nos limites da humanidade.

O portal jangada.online tem acompanhado as eleições 2018 com foco na cobertura de candidatos com representatividade no município de Caucaia (CE). Outro foco do portal é ressaltar movimentos atípicos e paralelos às eleições como o movimento caucaiense “Federal de Fora, Tô Fora”, e agora o movimento internacional “#EleNão”. Qualquer órgão de imprensa pode cobrir estas manifestações sociais que despontam no percorrer político brasileiro.

Ao publicar duas matérias destacando o movimento “#EleNão” algumas mensagens de ódio e declarações de repúdio a informação publicada no portal, que aborda a manifestação realizada em Fortaleza (CE), chegou a redação virtual do jangada.online. As mensagens retratam uma mistura de tudo que as mulheres gritaram contra durante o ato realizado no sábado em todo o Brasil e em algumas cidades pelo mundo.

Estes foram alguns fragmentos dos depoimentos que a redação do jangada.online recebeu: “um monte de maconheira mesmo e de gente (deseformada), alienadas”… …“um bando de (cercezenta) maconheira”… …“essa raça envergonha o país”… …“Isso é democracia, fazer movimentos contra ou favor de alguém. Agora, também é cara de pau. É a mesma coisa de eu perguntar qual time vc torce e responder: todos, menos o time x. É um movimento hipócrita, não se posiciona a favor de ninguém, pelo contrário, se posiciona a favor por tabela pelo partido (PT) e os políticos (Lula, José Dirceu, Dilma…) mais corruptos da história do país e que quebraram o país”… …“será que não tinha pão com mortadela”… …“que imagem linda… revela a tolerância da esquerda brasileira que além do mais é conivente com corruptos e condena divorciados”… …“só pirangueiro(a) ELE SIM! Pirangueiro nem é gente!”… …“Elas vão com tudo!!! Pra onde? Contra quem? Financiadas por quem? Que matéria mais bosta essa hem Jangada?”… …“Jangada cada dia mais defasado”… …“Sério. Q vcs postam algo ridículo desse tipo? Sou mulher e ele sim”.

As pessoas não param para uma reflexão mais profunda. Seguem armadas com mais ódio, mais racismo, mais preconceito, mais machismo, mesmo diante de uma autêntica manifestação que repudia todo este pavor que está fazendo o Brasil retroceder de uma forma jamais vista em toda sua história.

Não se trata de ser Bolsonaro ou não. Não se trata de ser feminista ou não. Não se trata de apoiar o movimento ou não. Acima de tudo o que importa são os direitos iguais para todos(as), o respeito às diferenças raciais, religiosas, sexuais, a mulher e ao homem.

 

No segundo turno  

Neste primeiro turno o jangada.online faz cobertura focada em candidatos de Caucaia ou que tenham representatividade na cidade. Outro foco do portal são exatamente os movimentos sociais que podem surgir durante toda a campanha. No segundo turno o jangada.online abordará com profundidade as eleições presidenciais.

Foto: Mídia Ninja.

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