A guerra das drogas mata jovens e faz Caucaia refém do crime

Em seis dias o município de Caucaia já contabiliza oito assassinatos em vários bairros da cidade. 2018 já é considerado um dos anos mais violentos.

Por jangada.online em

30 de setembro de 2018 às 15:56
Foto: Growroom.

 

Agora não é apenas no final de semana. A qualquer hora do dia ou da noite, em qualquer lugar da cidade pode acontecer mais um crime. Eles chegam sempre armados  dispostos a fazer qualquer coisa, inclusive matar ou morrer. São muitos e já não se preocupam em se esconder por entre becos e ruelas da Grande Caucaia, localizada na Região Metropolitana de Fortaleza (CE).

As ações criminosas saem da escuridão do anonimato e são filmadas por câmaras de celular para serem compartilhadas na Internet, no mais profundo banalismo extremo da vida. Imagens de facções rivais brigando por território em Caucaia ganham o mundo. Armas de grande calibre fazem parte do cenário de guerra que dominam vários espaços no município. Na cidade se registra morte por motivo de assassinato quase todo dia. Em seis dias já são contabilizados oito assassinatos, e quase sempre o motivo tem suas origens na guerra imposta pela dominação da venda de drogas e do crime no município.

Moradores de alguns bairros estão apavorados com o clima tenso e de terrorismo psicológico que o tráfico impõe. Nas redes sociais o terrorismo se amplia com o compartilhamento de notícias que enraíza a cultura de violência e espalham o pânico em todas as classes sociais e bairros de Caucaia. A Polícia e as forças judiciárias parecem não acompanharem a organização e o desmando do poder paralelo que a cada instante ganha mais territórios. Em cada lugar existe uma facção criminosa que domina a venda de drogas e impõem leis próprias para os moradores.

As mortes por assassinatos já não ficam mais restritos aos subúrbios ou apenas aos jovens pobres. Os assassinatos agora atingem também jovens de classe média. A explosão de assassinatos em toda Caucaia é um fenômeno da insegurança pública que tem a droga como propulsora principal dos sinistros. A juventude está se perdendo não apenas para as drogas, mas para o comércio ilegal e o crime organizado.

O recrutamento atinge principalmente os jovens de condições menos favorecidas que residem em bairros localizados na Sede, na Grande Jurema, no Litoral ou até mesmo em áreas mais remotas como no Sertão ou regiões mais distantes do perímetro central do município.

O combate ao crime não deve ser visto apenas com mais militares operando no município, mas com o atributo de recursos de inteligencia, investigação, de bloqueio da cultural de violência já tão arraigada nas gerações de caucaienses, passando pela proibição de exibição de programas ditos policiais em horários durante o dia, educação com qualidade para ser oferecida as jovens, além de incentivo a pesquisa e ao trabalho, e por último inciar o polêmico debate da regulamentação do comércio de algumas drogas.

A política de guerra contra as drogas, sua eficácia e consequências devem serem analisadas e levadas a sério em todas as esferas do poder. Historicamente, os governos vêm tentando sem sucesso impedir o consumo e o tráfico internacional de drogas. Não será o município de Caucaia sozinho que combaterá de forma isolada as facções e o crime organizado. Não será o Estado sozinho que cessará a guerra das drogas. O país como num todo deve repensar suas políticas de segurança pública. Uma autoavaliação incentivando mecanismos anti-corrupção de todas as esferas envolvidas no combate as drogas. Além de aprofundar o debate e os estudos para diminuir ou regulamentar este tipo de comércio que todos os anos geram milhares de mortes e ações criminosas em todo o Brasil, inclusive em Caucaia.

jangada.online

conteúdo independente; jornalismo positivo ®

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *