Entre uma tapioca e um café quente No Sertão Restô, monumento da vaquinha, batemos um papo com uma das personalidades do Ceará mais atuantes no empreendedorismo social no Estado. Nascido em 1979, na cidade de Várzea Alegre (41 mil habitantes), região Centro-Sul do Ceará, Pablo Rolim, viveu sua infância entre as sombras das cajaranas e o contato direto com a natureza e a simplicidade da população do município. Hoje é um empresário de sucesso, engenheiro civil formado pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com especialização MBA em Gestão Financeira, Controladoria e Auditoria pela Fundação Getúlio Vargas e especialista no curso de Finanças Públicas em Chicago, nos EUA. Casado, pai de três filhas trigêmeas é militante de projetos sociais como criação da Fundação Farol, e de causas de pessoas com deficiência como o autismo. Outra experiência vivida foi na área pública como vice-prefeito de sua cidade natal.

Diante a sua juventude vem o conhecimento e a perícia que sempre lhe mostrou por onde trilhar seu caminho. Buscando um futuro melhor veio estudar em Fortaleza (CE) e constituiu sua família na capital cearense, além dos negócios. Em 2012 voltou a sua terra onde nasceu para tentar os desafios da vida pública. Foi candidato a vice-prefeito e ao final das eleições conseguiu êxito. Desempenhou suas atividades como vice-prefeito afastando um pouco da família e dos negócios. Focado na política. Não escondeu algumas decepções e sonhos frustrados. Era um político que entrou com ideias novas, projetos novos, querendo fazer diferente e o cargo de vice não dava a possibilidade de executar pelas circunstâncias politicas. Afastou-se um pouco da política em 2016, último ano de mandato, “Estive um pouco decepcionado”, conta. No entanto, deixou uma carta para população de Várzea Alegre descrevendo que estava se afastando temporariamente da politica, mas não do serviço público. “Fazer o bem e tentar melhorar a vida das pessoas”, era sua cisma. A despedida foi muito bem aceita pela população de Várzea Alegre que em todo momento ficou ao seu lado. A carta foi muito comentada na época. As pessoas observaram que Pablo Rolim tinha vontade de fazer, mas como vice-prefeito não davam a oportunidade. Foi por estes caminhos de idas e vindas que iniciamos a conversa com o empreendedor social Pablo Rolim:

J.O – Como iniciou esta sua descoberta pelas causas sociais?

Pablo Rolim: Em 2017 comecei atuar projetos, com alguns amigos. Criamos a Fundação Farol. Trata-se de uma entidade que desenvolvemos para disseminar a ideia sobre empreendedorismo, geração de emprego e renda, sobre capacitação, empoderamento dos jovens. Realizamos seminários em Várzea Alegre, outras cidades da região e de várias no estado. Realizamos também treinamentos e palestras em faculdades e colégios. É um projeto muito bem visto. Laçamos programas de capacitação, programa de primeiro emprego com o “Emprega Farol”, “Acelera Farol” e no final de 2017 começou a se intensificar minhas visitas pelo Estado.

J.O – Como é desenvolvido o projeto da Fundação Farol?

Pablo Rolim: Um em cada quatro jovem hoje no Brasil está desempregado, sem oportunidade de emprego. Então a Fundação foi criada para incentivar os jovens a buscar emprego, mas também a criar emprego, criando negócios, inovando, criando ideias, levando as ideias para serem financiadas pelas instituições financeiras e investidores que tenham capacidade de acreditar e incentivar os novos negócios. Iniciamos um seminário empreender para crescer que reúne especialista falando para os jovens das pequenas cidades se capacitarem e incentivarem a cultura da inovação e do empreendedorismo. Depois começamos a fazer palestras de sensibilizar as comunidades em várias cidades com relação ao empreendedorismo e inovação. Várias cidades do interior do Estado foram agraciadas. Já foram atendidas 1.100 pessoas, e fizemos treinamento com duas empresas.

J.O – Como integrar pessoas com deficiência no mercado de trabalho?

Pablo Rolim: Também milito em causas relativas à inclusão, pessoas com deficiência. Tenho está experiência na minha família, crianças com autismo. Faço parte de uma associação que defende o direito das famílias e pessoas com autismo. Acredito que o Estado do Ceará, e Caucaia podem incluir mais. Ainda não chegou a plenitude da sua obrigação como ente público de conceder a oportunidade de pessoas com deficiência ter seus direitos respeitados, como na adaptação das escolas, dos estabelecimento de saúde para acolher pessoas com deficiência, tratar, levar para o profissional adequado, incluir estas pessoas, tornar estas pessoas menos dependentes de suas famílias. Então esta é uma bandeira que vamos defender com propriedade porque sinto estes problemas dentro de casa e quero que as famílias do Ceará, e de Caucaia, tenham apoio de um deputado na Assembleia Legislativa que defenda estas causas e estes desafios que as famílias vivem todos os dias.

J.O – Como superar este tempo de descrédito político da população?

Pablo Rolim: É alarmante. Nunca ocorreu isso na história do Brasil, isso é comprovado por pesquisa. O desinteresse, o descrédito, a desconfiança do brasileiro com política e políticos, principalmente. Política é uma ciência, a ferramenta, e hoje está tendo descrédito devido à atuação dos políticos, principalmente quando vemos na esfera Federal. O Congresso, principalmente, a quantidade de políticos presos por atos de corrupção, por desvios de condutas, por improbidade. Deputado preso, Senador preso, presidente investigado, processo de impeachment, então isso causa um descrédito enorme para a classe política e o eleitor está sem vontade de se envolver no processo. Mas, acredito que é nesta hora que o eleitor precisa mesmo se envolver. Porque se não mudar os quadros nos cargos públicos continuará a mesma coisa. As vagas lá estão garantidas. No Ceará precisa renovar também. E este é um dos motivos de oferecer meu nome. Não estou satisfeito com o quadro da Assembleia que hoje se configura, não estou aqui falando mal dos atuais deputados. Mas, acho que no geral o desempenho e sua performance precisava ser melhor no ponto de vista técnico principalmente. A Assembleia precisa ser menos política e colocar um pé na área técnica. Quando falo em área técnica são projetos de leis que falem sobre inclusão, reuso de água, restruturação econômica, menos projetos de homenagem a fulano de tal, nomes de avenidas, isso aí são pautas que não interessam muito ao eleitor e a coletividade. As comunidades querem ver projetos de Lei eficientes que mudem a vida das pessoas, que melhorem o Estado do Ceará. Por isso acho que este descrédito é consequência de tudo que aconteceu. E para começarmos o jogo do zero a zero é preciso renovar com novos deputados, novo presidente, com uma política com prioridades para o coletivo. Porque se for pensar no individual aí a coisa se desvirtua e acontece o que está acontecendo aí no nosso país. Há esperança e precisamos ser otimista. Porque se não tivemos este otimismo o que será do nosso país? O futuro dos nossos filhos? Não existe outro meio. A politica regula tudo. Caso não use da política para mudar a realidade o nosso país, não sairemos do buraco.

J.O – Porque opinar e brigar pela vida pública? 

Pablo Rolim: Era uma vontade que já tinha dentro de mim há muito tempo. Lembro que em 2003 escrevi um artigo em Várzea Alegre que falava da necessidade do município voltar a ter um deputado. Nós já tivemos muitos deputados por lá. Tacílio Correia, Nilo Sérgio, Luiz Afonso Diniz que já foram deputados estaduais. Tivemos até deputados federais como Padre Antônio Vieira, Figueiredo Correia que chegou a ser vice-governador do Estado do Ceará. Estão está tradição que a cidade tem, de possuir políticos que representem o município nas esferas estadual, e até mesmo federal, deixou de existir e o povo de Várzea Alegre é muito carente disso.

Primeiramente surgiu a necessidade que eu vi dentro de Várzea Alegre um nome para representar na Assembleia. E fomos expandindo o nosso trabalho, criando simpatia e criando envolvimento também em outras cidades, como exemplo, aqui em Caucaia. Começamos um trabalho por aqui. Está intensificado. Caucaia começa a crescer em nossa importância, em nosso projeto. Quero fazer diferente. Quero ajudar a transformar a vida das pessoas. Acredito que a política é uma ferramenta que podemos fazer isso. Considero-me um cara honesto, determinado e acredito que são qualidades que posso trazer como diferenciais como um deputado estadual.

J.O – Suas origens no interior capacitam como conhecedor de várias geografias e realidades do Estado. Qual a marca que o Pablo Rolim pensa num eventual futuro mandato como deputado?

Pablo Rolim: Nós estabelecemos seis pilares da nossa ação como parlamentar. A educação em tempo integral, políticas de inclusão de pessoas com deficiência, empreendedorismo e inovação, investimento em tecnologia e reindustrialização do Ceará, energia renovável e uso consciente da água e o fortalecimento da economia cearense em pequenas cidades, está última com muita urgência. Já sobre a energia renovável e o uso consciente da água, nós passamos por um período de escassez de água, graças a Deus tivemos um inverno relativamente bom, melhor do que o que vinha ocorrendo na média dos últimos seis anos. Devemos discutir sobre este assunto na Assembleia. Então meus pilares serão estes. Não vou fugir muito disso aqui porque quando tentamos abranger todos os problemas do Ceará a gente começa a ser prolixo e até mesmo ineficiente. Estes pilares queremos atingir de maneira mais direta e consistente.

J.O – Como deputado o que você pensa para Caucaia?

Pablo Rolim: Penso Caucaia justamente o que penso para o resto do Ceará. Acredito que o Estado precisa explorar os potenciais que nós temos. Potenciais naturais, potenciais de capacidade do nosso povo. E a gente tentar ter uma relevância maior em ponto de vista econômico dentro do Brasil. Porque o Estado do Ceará hoje está ranqueado contribuindo com apenas 2% do PIB, geração de riqueza do Brasil. E nossa população é 4% do total que se configura no Brasil. Então temos um potencial humano que não está correspondendo ao potencial de geração de riqueza média do Brasil.

A questão da segurança pública também é um problema nacional, mas no Ceará é um dos estados que mais sofre com isso. 8% dos homicídios, temos uma proporção dobrando. Temos 4% da população e 8% dos homicídios violentos do Brasil aconteceu no Ceará. E ao contrário da geração de riqueza com 2% do PIB com 4% a população. Então esta relação de desigualdade queremos colocar numa média. Queremos que o Ceará tenha mais oportunidade de emprego, de renda. Que o Ceará volte a se industrializar. Sentimos que este período de crise que o Brasil vive, o Ceará foi um dos estado atingidos com fechamento de indústrias e até mesmo novas indústrias não estão mais vindo para cá por conta da crise que se configurou no país.

Acredito que conseguiremos ajudar Caucaia ajudando na economia do município, na qualidade de vida, quando conseguimos mexer na economia e também na educação, outra bandeira que vamos levantar. A possibilidade de expandir programas de educação em tempo integral para tirarmos os jovens da ociosidade do período que ele não está na escola, e mais propício a se envolver com o crime, como o consumo de drogas, coisas que dificultam o crescimento e desenvolvimento do jovem.

Então o foco será o fortalecimento econômico até a temática da inclusão”. Pablo Rolim

J.O – Em termos de Governo do Ceará qual a sua posição?

Pablo Rolim: Minha posição hoje para Presidente da República ainda estou analisando os nomes. Precisamos ver as propostas dos candidatos, saber quem são. Hoje no Estado do Ceará, meu partido é da base do Camilo Santana. Votei no Camilo Santana em 2014. Acredito que ele está desempenhando um bom papel como governador. E como a regra eleitoral permite ele concorrer a eleição, vejo ele como merecedor de ser eleito novamente e desempenhar seu papel por mais quatro anos que a Lei permite, e vou apoiá-lo.

Vejo Camilo merecedor de ser eleito novamente e desempenhar seu papel por mais quatro anos, e vou apoiá-lo. Pablo Rolim