Indígenas caucaienses se reúnem em Brasília no Acampamento Terra Livre

Em seus primeiros discursos durante esta terça-feira, 5, as lideranças indígenas de Caucaia focaram em dar destaque na importância da preservação do meio ambiente em Caucaia, além de temas que também abrangem o Brasil como a demarcação de terras e representatividade política dos povos nativos

Por jangada.online em

5 de abril de 2022 às 19:31
Weibe Tapeba. Foto: reprodução/Mídia Índia.

 

Um grupo de aproximadamente 100 indígenas caucaienses, das etnias Tapeba e Anacé estão concentrados na Esplanada dos Ministérios, em Brasília (DF), onde acontece, pelos próximos dez dias, a décima oitava edição do Acampamento Terra Livre.

Após dois anos de atividades remotas (online) devido à pandemia da covid-19, o evento volta a reunir, presencialmente, os representantes de mais de 200 dos 305 povos indígenas existentes no país. A expectativa dos organizadores é que mais de 7 mil pessoas participem dos debates, atos e cerimônias que acontecerão até o próximo dia 14.

“Trazemos a força da diversidade, a resistência secular e a luta indígena. E, como principal bandeira, [exigimos] a demarcação dos territórios indígenas [reivindicados] em todo o país”, acrescentou Sonia ao explicar o mote desta edição do evento: Retomando o Brasil: Demarcar Territórios e Aldear a Política.

Em seus primeiros discursos durante esta terça-feira, 5, as lideranças indígenas de Caucaia focaram em dar destaque na importância da preservação do meio ambiente no município de Caucaia, além de temas que também abrangem o Brasil como a demarcação de terras e representatividade política da população nativa.

“Estamos aqui para exigir da União, do Estado brasileiro, a retomada da demarcação dos nossos territórios. E chegamos dizendo que vamos aldear a política porque, se é no Congresso Nacional e no Poder Executivo que estão decidindo nossas vidas, é ali que teremos que estar”, afirmou a coordenação executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Sonia Guajajara, ao anunciar uma das metas das organizações para este ano: o lançamento ou apoio a candidaturas indígenas, principalmente de mulheres indígenas.

Weibe Tapeba. Foto: reprodução/NOSSAS

“A Apib está lançando uma bancada indígena para também entrar na disputa eleitoral. Vamos estar com esta bancada; com as mulheres indígenas, porque estamos querendo garantir nossa representatividade política nos espaços da política institucional”, acrescentou Sonia ao citar projetos de lei (Pls) que, na avaliação das lideranças indigenistas e de ambientalistas, ameaçam os direitos dos povos indígenas e a preservação dos territórios tradicionais, como o PL 490/2007, que, se aprovado, modificará as atuais normas legais para demarcação de terras indígenas, e o PL 191/2020, que trata da possibilidade de instalação de projetos de mineração e de infraestrutura em terras indígenas.

Foto: Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib).

“Neste ambiente [político] tão hostil, a questão territorial, a demarcação de nossos territórios, sempre é o pano de fundo. Porque ainda há um déficit muito grande neste sentido”, frisou Marquinhos Xukuru, da Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme). “Mas entendemos que é preciso ocupar outros espaços de poder para garantirmos que nossas vozes ecoem. É preciso entender que precisamos ocupar as assembleias legislativas [estaduais], as câmaras [municipais], as prefeituras. E que tenhamos condições de assumirmos este protagonismo político”, acrescentou Marquinhos.

 

(*Com Agência Brasil)

 

 

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