É fato ou fake? Líderes e gestores contam como distinguir entre conselhos válidos e enganosos pode ser crucial para o sucesso. Reunimos 14 depoimentos de empresários que relatam as mentiras que ouviram na hora de empreender, como perceberam e o resultado da volta por cima. São eles:

Leonardo Castelo, CEO e fundador da 300 Ecossistema de Alto Impacto
Mentira: “Ter constância que ela trará resultado”

Muita gente fala que a constância e o longo prazo trazem resultados. E na verdade você acertar mais do que errar que vai garantir o seu sucesso. Prova disso, é o sucesso em torno do nosso Ecossistema. Então, um bom planejamento estratégico, criar uma boa cultura organizacional com a empresa, contar com boas pessoas no time, processos que funcionam, estar com as melhores tecnologias e ter governança. A lição é que não basta ficar acreditando no longo prazo e ter constância para ir para frente, é preciso ter uma estratégia.

Ycaro Martins, CEO e sócio fundador da Vaapty
Mentira: “Tudo vai dar certo”

As pessoas acham que empreender é saber fazer, mas não é bem assim e nem tudo vai dar certo ao longo dessa caminhada, como já ouvi. Ter um negócio de sucesso exige equilíbrio financeiro, saber diferenciar a conta pessoal da jurídica, trabalhar muito mais horas, se capacitar, ter preparo para empreender e auto responsabilidade para entender que qualquer falha que venha ocorrer na empresa, a responsabilidade é do empreendedor, por isso, é preciso se capacitar para entender todas as áreas e colocar pessoas específicas para suprir as suas fraquezas. Vender é arte, empreender não, pois é preciso ter conhecimento e habilidades e técnicas. As pessoas se iludem achando que empreender é simplesmente pegar uma competência e fazer algo, mas não. No meu primeiro negócio, antes da Vaapty, eu era um ótimo gestor mas um péssimo controlador. Achei que conseguiria suprir essas falhas sozinho, mas não consegui e cheguei à falência. Depois que eu quebrei e consegui me reerguer, foi que entendi que para o negócio dar certo, eu precisava identificar e suprir as minhas fraquezas com pessoas competentes para me auxiliar nas áreas que eu não dominava. Além disso, para o negócio funcionar, é preciso ter constância, persistência e um nível de capacitação e resiliência muito acima.

Fritz Paixão, CEO e fundador da CleanNew
Mentira: “Seu negócio só cresce fora do país depois que esgotar a expansão dentro do Brasil”

Ter sucesso na expansão internacional somente depois de ter esgotado todas as oportunidades no Brasil é uma das mentiras que ouvi quando comecei meu negócio. Todos os grandes empreendedores falam isso e o meu processo foi diferente, já que primeiro cresci um pouco no Brasil e depois explodi em outros países. E então, de fora, voltei a crescer dentro do meu país. Por isso, é possível sim esse progresso.

João Piffer, CEO e sócio-fundador da PróRir
Mentira: “É necessário ter uma ideia inovadora”

É crucial compreender que nem todos os empreendimentos de sucesso são baseados em concepções revolucionárias. Frequentemente, a eficaz execução e a percepção das exigências do mercado destacam-se mais do que a singularidade da ideia. Esta perspectiva foi amplamente corroborada por nós em nossas experiências empresariais, onde a constante adaptação às demandas do mercado e a habilidade de fornecer soluções eficientes muitas vezes superam a busca incansável por uma ideia singular e inovadora. É preferível oferecer um serviço de qualidade, mantendo a excelência e cultivando a lealdade do seu público, do que tentar comercializar uma ideia “fora da caixa” que não encontra compradores. Para mais, é importante reconhecer que as pessoas frequentemente buscam mais por serviços comuns do que por aqueles considerados revolucionários.

Lucien Newton, vice-presidente da vertical de consultoria da 300 Ecossistema de Alto Impacto
Mentira: “A melhor coisa do mundo é viver de royalties em uma franqueadora”

Essa é uma mentira porque para viver de royalties significa que você precisa se comprometer com o sucesso dos franqueados, enfatizamos isso na consultoria. É preciso investir em tecnologia, oferecer suporte eficiente, e muito conhecimento para que funcione. Mas, a mentira é essa, porque o mercado não conta que só começa a ficar realmente bom quando você passa das 100 franquias, e para passar, tem muita coisa a se fazer.

Claudinei dos Anjos, CEO e fundador da Anjos Colchões & Sofás
Mentira: “Para começar vai precisar ter uma equipe grande”

Comecei a empreender com quatro funcionários em um barracão de 250m². Produzia e vendia sofás, após alguns anos alcancei a marca de 200 funcionários. Tive inúmeras dificuldades, mas não desisti. Investi em vendedores, contei com ajuda de pessoas da área, participei de feiras e insisti, confiando que embora o trajeto fosse longo, a vitória de certo chegaria. Ser um empreendedor é estar conectado com tudo o que acontece ao seu redor, pesquisar e procurar por novidades no segmento em que atua, perseverar, lutar pelo negócio e, principalmente, ser humilde para reconhecer que toda empresa começa pequena.

Pedro Paixão, CEO e fundador da Ultra Cursos
Mentira: “Só ganha dinheiro quem tem dinheiro.”

Iniciando meus empreendimentos praticamente do zero, vi-me impulsionado por uma mistura de coragem, determinação, foco e resiliência, buscando a transformação em um empresário multimilionário. É comum nos depararmos com obstáculos financeiros em nossos projetos, mas atribuir exclusivamente à falta de recursos é um equívoco. A chave reside na capacidade de explorar alternativas viáveis e na coragem de arriscar. Estabelecer parcerias sólidas com instituições financeiras, explorar soluções criativas para angariar investimentos e, sobretudo, ter a coragem de se aventurar podem ser os ingredientes essenciais para o sucesso financeiro, mesmo diante da ausência de capital inicial.

Paulo Zahr, presidente do Grupo OdontoCompany
Mentira: “o sucesso do franqueado não importa, mas sim os resultados”

Quando eu tinha dois anos de franquia, visitei um grande franqueador, uma referência de boa gestão. Nesta visita eu passei umas cinco, seis horas naquela empresa e observei a forma que ele trabalhava, o tratamento dele com os franqueados e tudo que fazia. Ele tratava essas pessoas com muita rispidez, dureza, muita regra, não tinha jogo de cintura e não se preocupava com o sucesso do franqueado e sim com o resultado, pois ele queria saber dos royalties, quanto ele ia ganhar, qual era sua meta e seu prêmio. Quando saí de lá, pensei: “ou a minha marca é completamente diferente do que eu vi aqui, ou prefiro não continuar”. Eu não conseguia enxergar que alguém pudesse ser grande sem o sucesso do franqueado. Eu não entendia como poderia crescer se não fosse pela alegria do franqueado. Lógico que tem que ter resultado, mas não é só isso. Ele precisa se sentir bem onde ele está, se sentir confiante, confortável e ter aquela segurança de que ele está no lugar certo. O meu desejo é que meus franqueados pensem que “isso é tudo que eu sonhei para mim”. Nessa franqueadora eles não eram assim, queriam levar tudo com muita dureza, diziam que a gente tinha que ser mais firme com esses empreendedores, mas aqui a gente sempre levou tudo de forma flexível. Hoje nós temos quase três mil franquias e eles têm menos de 100. Até hoje, quando preciso refletir sobre meu trabalho, eu lembro dessa visita e me torno melhor para os meus franqueados.

Lucas André, CEO e fundador da Fast Tennis
Mentira: “Trabalhar com pessoas é complicado e difícil”

Muitos empresários dizem que trabalhar com pessoas é complicado e difícil, alegando que elas sempre agirão contra os interesses da empresa, não sendo proativos, entre outras questões. No entanto, sempre considerei um equívoco esperar que as pessoas se comportem exatamente como desejamos. Acredito que é fundamental entender e respeitar a diversidade, e a chave para o sucesso está em ‘permitir’ que elas se tornem as melhores versões de si mesmas, alinhadas à cultura da empresa. Trabalhar com pessoas só se torna um desafio se o líder se posicionar como um “Deus”, tentando moldar as pessoas à sua imagem e semelhança. Por outro lado, ao contratar indivíduos alinhados aos valores da empresa e ao criar um ambiente que promova a segurança psicológica, permitindo que trabalhem de forma leve, sua empresa tem tudo para prosperar e ter muito sucesso.

Rodrigo Bourscheidt, CEO e fundador da Energy+
Mentira: “Se você se tornar empresário, poderá desfrutar de uma carga horária de trabalho mais flexível, terá a oportunidade de trabalhar menos.”

Quanto à afirmação de que empresários trabalham menos, está longe de ser precisa. Na prática, muitas vezes é o próprio empresário quem mais se dedica, especialmente no início e nos primeiros anos da empresa. Ele não consegue simplesmente desconectar. Não existe um horário fixo para encerrar o expediente às 6:00 da tarde e relaxar em casa, assistindo novela ou qualquer outra coisa, sem pensar nos assuntos do negócio. O empresário está constantemente envolvido, sempre pensando, ponderando e preocupado com os aspectos práticos, desde a próxima semana até questões como fluxo de caixa, impostos e precificação. Até mesmo as notícias dos jornais são interpretadas à luz dos seus interesses empresariais. Portanto, é inevitável o intenso comprometimento e o árduo trabalho que os empresários enfrentam.

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