Novo coronavírus já circulava desde janeiro em Caucaia
Oficialmente no dia 28 de março o município de Caucaia contabilizava sua primeira infecção diagnosticada laboratorialmente do novo coronavírus (Covid-19). O primeiro caso na cidade vinha após 13 dias do primeiro caso detectado no Estado do Ceará, em Fortaleza, conforme os dados da Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa).
Após a avaliação de dados do início do ano a Sesa constatou recentemente que a circulação do vírus no Ceará antecede, em mais de dois meses, a data em que foram confirmados os primeiros casos da doença no Estado.
Em janeiro a Covid-19 já circulava em Caucaia sem ser detectada pelas autoridades de saúde do município e do Estado. A secretária executiva de Vigilância e Regulação da Sesa, Magda Almeida, garante que a pasta hoje tem ciência que o tempo de circulação do vírus antecede em mais de dois meses a data em que o Estado conseguiu confirmar os primeiros casos da doença, 15 de março.
No Brasil, o registro inicial de detecção do coronavírus feito pelo Ministério da Saúde é dia 26 de fevereiro, em São Paulo. Magda explica que a constatação ocorreu a partir do acesso e avaliação por parte da Sesa a dados retroativos, sobretudo, de casos atendidos na rede privada. O IntegraSUS, plataforma da Sesa, registra que em janeiro e fevereiro já havia 166 casos da doença em 11 cidades do Estado, sendo o início por Fortaleza. No período de janeiro Caucaia teria pelo menos um caso e em fevereiro mais dois.
Dados da Pasta apontam que, se levada em conta a data de início dos sintomas, o Ceará teve caso de Covid-19 no dia 1º de janeiro. Mas, se considerado o resultado dos exames, a data de registro de caso é dia 20 de janeiro. Antes da sistematização desses dados, o dia 15 de março era registrado como o início oficial de detecção de circulação do coronavírus no Estado. Em janeiro, a Sesa aponta que havia casos em Fortaleza, Caucaia, Eusébio, Itaitinga, Horizonte e Sobral. Em fevereiro, além destas cidades, há dados sobre ocorrências também em Itapipoca, Maracanaú, Pacajus, Quixadá e Sobral.
Para chegar a essa estimativa, a Sesa se baseia em, pelo menos, dois indicadores, conforme Magda. Um deles é o relato feito pelos próprios pacientes e registrados no prontuário de notificação dos possíveis casos. Na rede privada, as pessoas contaminadas pelo vírus (ainda em janeiro, quando não se sabia da circulação no Brasil) já alegavam, segundo a Secretaria da Saúde, terem sintomas semelhantes aos hoje ligados à Covid-19.
Outro fator são os testes cuja notificação foi feita pela rede privada de forma atrasada. Segundo a Sesa, é preciso considerar que em janeiro, além da demora nos testes, com semanas de espera pelo resultado, não havia a ideia de que o vírus já circulava no Brasil, portanto, as pessoas buscavam a rede hospitalar acreditando estarem acometidas por outras enfermidades.