Projeto do novo aterro da Beira Mar não contempla estudo de impacto para Caucaia

Sem pesquisa não se pode afirmar que a obra no litoral de Fortaleza poderá ter impacto ambiental na orla de Caucaia (CE).

Por jangada.online em

13 de abril de 2019 às 01:03 atualizado às 09:16
Imagem de como ficará a nova Beira Mar de Fortaleza. Foto: divulgação.

Nesta sexta-feira (12/4) o prefeito de Fortaleza, Roberto Claudio, assinará a ordem de serviço para as obras do novo aterro na Beira Mar da capital. A engorda da faixa de areia deverá avançar 80 metros dentro do mar e terá extensão de 1,2 mil metros. Será feita entre os espigões das avenidas Rui Barbosa e Desembargador Moreira. Além  da areia, o local deverá receber arborização e equipamentos como ciclovias, pistas para corrida, brinquedos e quiosques. A área total será de 96 mil metros quadrados, equivalente a quase dez quarteirões. Ficará no mesmo nível do aterro da Praia de Iracema. O atual aterro também receberá uma pequena engorda. O montante da obra é orçada em R$ 70 milhões. A previsão é de conclusão é até o ano de 2020.

Com toda está intervenção realizada na orla de Fortaleza os moradores e proprietários de imóveis das praias do litoral do município de Caucaia estão em alerta e temem um impacto ambiental com a execução da obra na Beira Mar da capital. O projeto da nova Beira Mar de Fortaleza não contemplou um estudo de um possível impacto e nem mensurou a especulação de uma recompensação ambiental para Caucaia.

As praias do Icaraí, Iparana, Pacheco, Tabuba e até do Cumbuco tem um histórico de erosão marinha, devido também, as intervenções realizadas ao longo de décadas na orla de Fortaleza. Nenhum morador do litoral caucaiense foi notificado ou sabe de alguma informação cientifica de um estudo sobre o impacto ambiental que esta nova obra pode resultar no município.

Conforme o professor da Universidade Estadual do Ceará (UECE), especialista e pesquisador, Davis Pereira de Paula, não é certo trabalhar no campo da suposição, sem estudos científicos “não é possível indicar a ocorrência de impactos em Caucaia. Não existem nenhum estudo com escala que possa abranger Fortaleza e Caucaia. O Aterro de Fortaleza vai usar sedimentos que não estão em deriva, ou seja, não abastecem nenhuma praia. Caso existissem impactos, esses vão afetar primeiramente a orla oeste de Fortaleza”, explica.

Davis Pereira chama atenção para o planejamento, a projeção e execução dos estudos nas próprias praias de Caucaia. “O maior impacto em Caucaia fica por conta da falta de gestão do seu litoral. Esperar mais de 10 anos por uma compensação de outro município; acho que é muito amadorismo. Fortaleza consegue planejar, projetar e executar”, ressalta.

Durante décadas o município de Caucaia vem sofrendo com a erosão marinha. O tempo corrente daria para ter trabalhado mais no campo político para que o município fosse inserido como uma área de influência indireta dos impactos das intervenções no litoral de Fortaleza, como nesta obra do novo aterro. A partir deste ponto seria iniciado os estudos de impacto ambiental ao longo de toda extensão das praias de Caucaia.

Obra da Beira Mar

O aterro será colocado numa área de Fortaleza em que tem baixa agitação marítima. Isso porque fica na sombra do quebra-mar do Porto do Mucuripe. A areia que será utilizada na obra vem da parte submersa do fundo do mar, não faz parte da deriva litorânea que abastece as praias a oeste. Desta forma com relação aos sedimentos não tem muito problema com os possíveis impactos para Caucaia.

Depois a areia que está no aterro vai sair e em seguida cai em deriva, podendo ficar ainda dentro da cidade de Fortaleza. Caso tenha um impacto direto, este impacto será presenciado dentro da própria orla oeste da capital, onde está localizado o projeto Vila do Mar. A bateria de espigões pode reter toda a dinâmica que poderá ir para aquela região. Mas, esta dinâmica precisava de um estudo específico para mensurar os resultados e analisar a previsão de impactos.

Caucaia

O problema no litoral de Caucaia já tem mais de 15 anos e nunca foi planejado com eficiência pelas gestões municipais que passaram. Isso representa uma incompetência administrativa histórica dos governantes caucaienses. A Prefeitura nunca construiu um plano de ação.

No entanto, ainda existe uma luz neste contexto de irresponsabilidade e incompetência histórica. A sugestão para a atual gestão municipal é iniciar imediatamente o monitoramento costeiro integrado. É através deste monitoramento que poderia observar qualquer tipo de impacto que viesse a partir das intervenções no litoral de Fortaleza. Os dados do monitoramento realizado nas praias de Caucaia dariam para medir os resultados desdes possíveis impactos e desta forma ajudar a indicar os caminhos a serem executados e não desperdiçar os recursos públicos.

Sem os estudos não tem como afirmar se após a construção do novo aterro em Fortaleza terá impacto em Caucaia. Com o monitoramento daria para afirmar ou não a existências destes impactos ambientais.

 

A obra do novo aterro em Fortaleza impactará em Caucaia?

Não há indicações válidas para se fazer uma afirmação positiva ou negativa sobre os impactos. Caucaia deve investir no seu próprio monitoramento costeiro para identificar se terá impacto ou não. E através do monitoramento costeiro observar a existência de impactos, é preciso acionar o município de Fortaleza para protocolar a compensação ambiental.

O que Caucaia deveria fazer

O ideal era o município de Caucaia se organizar e trabalhar em cima de dois eixos: um eixo técnico, com o monitoramento costeiro, e no contexto da gestão municipal procurar investimentos externos para que possa atenuar definitivamente os problemas do litoral.

Caucaia nunca apresentou um projeto integrado de requalificação da sua orla. O município não possui um projeto com uma concepção, uma ideia. Basicamente todo secretário Municipal de Infraestrutura (Seinfra) que passa nesta pasta tem uma ideia diferente. Isso denota uma falta de habilidade política administrativa dos prefeitos. A cidade precisa parar, pensar e refletir: o que eu quero para o nosso litoral. Queremos devolver a unidade recreio da praia? Devolver ao cidadão e ao mesmo tempo proteger a orla? Tem que realizar um projeto com esta concepção, esquecendo Fortaleza e suas intervenções.

O município reclama, mas quer colocar espigões como Fortaleza instalou. O que trouxe a erosão para Caucaia foram os espigões que estão fixados no projeto da Vila do Mar, litoral oeste da capital. Os espigões retiveram os sedimentos que já não eram tantos que migravam em direção a Caucaia. Os espigões do Vila do Mar alteraram a dinâmica e provocou impactos em Caucaia.

Mas antes de culpar os outros, o momento é de investir em estudo e pesquisa para executar uma intervenção no litoral de forma mais segura, equilibrada e com mais propriedade.

jangada.online

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3 comentários em “Projeto do novo aterro da Beira Mar não contempla estudo de impacto para Caucaia

  • 8 de maio de 2019 em 16:24
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    O QUE VEMOS E SO MUITA CONVERSA E PROMESSAS, MAIS ACAO NEMHUMA, ACORDA PREFEITURA DE CAUACAIA TA NA HORA DE RESOLVER PROBLEMA DA ORLA DO ICARAI E A POPULACAO E FREQUENTADORES DESTA AREA ENTRA COM A PARTE DE CONSERVAO.

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    • 12 de novembro de 2019 em 13:02
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      Em fortaleza vai aparecer concreto e asfalto demais que imaginei como turista não gosto na maneira absoluta se a vocês importa a opinião do estrangeiro a coisa mais linda é AREIA e basta

      Resposta
  • 8 de maio de 2019 em 16:27
    Permalink

    O QUE VEMOS E SO MUITA CONVERSA E PROMESSAS, MAIS ACAO NEMHUMA, ACORDA PREFEITURA DE CAUACAIA TA NA HORA DE RESOLVER O PROBLEMA DA ORLA DO ICARAI E A POPULACAO E FREQUENTADORES DESTA AREA ENTRA COM A PARTE DE CONSERVACAO.

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